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Estado de Minas DAMASCO

Bashar al-Assad e a certeza do 4º mandato na eleição síria


26/05/2021 20:04 - atualizado 26/05/2021 20:13

Os sírios compareceram às urnas, nesta quarta-feira (26), para uma eleição presidencial em que Bashar al-Assad tem assegurado seu quarto mandato, em um país devastado pela guerra, com uma crise econômica grave e sem oposição.

O Alto Comitê eleitoral, citado pela imprensa oficial, anunciou que à meia-noite, hora local, as assembleias de voto encerraram e começou a contagem dos votos.

Os locais de votação abriram as portas às 7h (1h de Brasília) nos territórios controlados pelo regime, que representam quase dois terços do país e permaneceram abertos até meia-noite (18h de Brasília), cinco horas mais do que o previsto.

Os resultados não devem ser divulgados antes de 48 horas.

A imprensa estatal destacou as filas eleitores em vários pontos do país.

Correspondentes da AFP observaram muitos agentes de segurança nos acessos à capital, Damasco, e nas principais rodovias.

Na Universidade de Damasco, os estudantes que compareceram para votar gritavam a frase tradicional de apoio a Assad: "Por nossa alma, por nosso sangue, nos sacrificamos por ti, Bashar".

Esta é a segunda eleição presidencial desde o início da guerra em 2011, um conflito que tem a participação de vários grupos beligerantes e de potências estrangeiras. Iniciado com a repressão dos protestos pró-democracia no âmbito da Primavera Árabe, deixou mais de 388.000 mortos e levou milhões de sírios ao exílio.

- "Homem firme" -

"Vim votar no presidente Bashar al-Assad. Ele é o único homem que se manteve firme durante 10 anos de guerra", disse à AFP Kinan Al Khatib, estudante de 26 anos.

"A verdade é que não conheço os outros candidatos, respeito a candidatura deles, mas meu voto vai para o presidente", acrescentou.

Outros dois candidatos, considerados fantoches, estão oficialmente na disputa: o ex-ministro e parlamentar Abdallah Sallum Abdallah e um membro da oposição tolerado pelo governo, Mahmud Marei.

Há várias semanas, as fotos do presidente de 55 anos dominam as ruas, sobretudo em Damasco.

Várias potências internacionais voltaram a criticar as eleições na terça-feira (25), afirmando que "não serão livres, nem justas".

"Pedimos à comunidade internacional que rejeite de maneira inequívoca a tentativa do regime de Assad de recuperar a legitimidade sem cessar suas graves violações dos direitos humanos", destacaram os chefes da diplomacia de Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Itália em um comunicado conjunto.

Ao votar nesta quarta-feira, Assad reagiu, afirmando que as críticas ocidentais à eleição presidencial em seu país "não têm nenhum valor".

A lei eleitoral exige que os candidatos tenham morado na Síria por dez anos consecutivos antes da eleição, o que exclui as figuras da oposição no exílio. A principal coalizão de dissidentes denunciou que a votação é uma "farsa".

- Reconstrução? -

Para seu novo mandato de sete anos, em um país com a economia devastada e as infraestruturas em ruínas, Assad se apresenta como o homem da reconstrução, depois de vencer batalhas militares com o apoio dos aliados Irã e Rússia.

Bashar al-Assad chegou ao poder em 2000, como sucessor do pai, Hafez, que faleceu após governar o país por 30 anos.

O presidente não organizou comícios eleitorais, nem deu entrevistas. Com a eleição, o chefe de Estado decretou uma anistia para milhares de presos.

Mais de 12.000 locais de votação foram instalados em áreas controladas pelo governo, segundo o Ministério do Interior. De acordo com os registros, o país tem oficialmente pouco menos de 18 milhões de eleitores.

Com a fragmentação do país pela guerra e o exílio de milhões de pessoas, o número de eleitores será menor.

Em uma Síria polarizada pela guerra, as regiões autônomas curdas do nordeste ignoram a votação, assim como o último reduto extremista e rebelde de Idlib (noroeste), onde vivem três milhões de pessoas.

A eleição na Síria, onde os combates perderam intensidade, acontece em pleno marasmo econômico, com uma desvalorização histórica da moeda, inflação galopante e mais de 80% da população na pobreza, segundo a ONU.

Um relatório recente da ONG World Vision calcula o custo econômico da guerra em mais de US$ 1,2 trilhão.

Na eleição de 2014, Assad recebeu mais de 88% dos votos, segundo o resultado oficial. A taxa de participação superou 73%.

Esta eleição foi a primeira com vários candidatos. Nos pleitos anteriores, Bashar al-Assad e seu pai, Hafez al-Assad, foram designados por referendo, quando o "sim" chegou a obter mais de 97% dos votos.


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