"Os dados atuais de sismicidade e de deformação do solo indicam a presença de magma soba a área urbana de Goma, com uma extensão sob o lago Kivu", declarou o governador militar da província de Kivu Norte, o general Constant Ndima.
"Atualmente, não podemos descartar a erupção em terra ou sob o lago, que poderia acontecer com pouco ou nenhum sinal de alerta", completou o governador, que citou os nomes de 10 bairros da cidade afetados pela medida.
"Existem riscos adicionais vinculados à interação entre a lava e a água do lago", explicou Ndima, que mencionou uma das hipóteses mais perigosas, que seria a desestabilização do gás sob o lago, o que provocaria uma "erupção límnica".
Em uma erupção deste tipo, também conhecida como fenômeno do lago explosivo, "os gases dissolvidos nas águas profundas do lago se elevam, especialmente o CO2, e asfixiam todos os seres vivos ao redor do lago Kivu no lado congolês e ruandês", afirmou uma nota recente do Observatório de Vulcanologia de Goma (OVG). O cenário provocaria "milhares de mortes" nos dois países.
A evacuação é obrigatória e acontecerá no sentido de Sake, uma localidade que fica 20 km ao oeste de Goma, informou o governador de Kivu Norte.
"As pessoas devem levar o mínimo, para que todos tenham a possibilidade de embarcar depois de fechar cuidadosamente suas casas", disse.
Imediatamente após o anúncio, milhares de pessoas iniciaram a fuga em direção à região congolesa de Masisi e de Sake, assim como à fronteira com Ruanda.
- "Que Deus nos proteja" -
Veículos de todo tipo, incluindo carros com famílias e caminhões-tanque, aguardavam diante da "grande barreira", a fronteira ruandesa ao sul da cidade.
As ruas da zona sul de Goma estavam lotadas, com pessoas caminhando e carregando colchões, malas ou seus poucos pertences em sacolas de plástico. Crianças muito assustadas acompanhavam os pais.
Apesar dos engarrafamentos, a passagem para Ruanda foi relativamente tranquila, pois a maioria dos veículos seguiu para Sake.
Goma, uma cidade de mais de 600.000 habitantes, tem uma população que alcança dois milhões de pessoas quando adicionada as áreas da periferia.
O vulcão Nyiragongo entrou em erupção de modo repentino no sábado, o que provocou a primeira fuga de moradores, que retornaram nos dias seguintes, mas que permaneciam com o temor de uma nova erupção devido ao incessantes terremotos registrados na região.
A grande erupção anterior do Nyiragongo, em 17 de janeiro de 2002, matou pelo menos 100 pessoas.
No sábado, a lava fluiu em duas direções a partir dos flancos do vulcão. Uma parte parou nos subúrbios ao nordeste de Goma e a outra cortou ao longo de um quilômetro a Rodovia Nacional 4, que liga Goma a Butembo, uma rota regional vital para o abastecimento da cidade.
"É muito importante permanecer afastado das correntes de lava, pelo perigo de morte por asfixia ou queimaduras", disse o governador Ndima. "Que Deus nos proteja", completou.
De acordo com as autoridades, 32 pessoas morreram desde a erupção de sábado. Entre 900 e 2.500 casas foram destruídas.
Ao menos 10 bairros estão sem água corrente e grande parte da cidade não teme energia elétrica.
A região Goma é uma zona de intensa atividade vulcânica, com seis vulcões, incluindo o Nyiragongo e o Nyamuragira, de 3.470 metros e 3.058 metros respectivamente.