A cidade, habitualmente caótica, estava tranquila e vazia.
"Quase 80.000 casas, ou seja, por volta de 400.000 habitantes, deixaram a cidade de Goma na quinta-feira", afirma o resumo da reunião de emergência sobre a situação do vulcão organizada nesta sexta-feira.
Ao contrário dos últimos quatro dias, a noite anterior foi tranquila ao pé do vulcão, com tremores em menor número e intensidade.
A cidade se encontrava praticamente deserta, sem mobilização militar, ou policial. As lojas estavam fechadas, e poucas pessoas nas ruas.
"É algo nunca visto", disse um morador de Goma.
"Fiquei na cidade. Sei que estou em perigo, mas não tenho alternativa", afirmou a gerente de um estabelecimento que vende cervejas e permaneceu aberto, Aline Uramahoro. "Vou partir quando o vulcão começar a expelir", completou.
A capital da província de Kivu-Norte é dominada pelas impressionantes encostas do Nyiragongo.
As autoridades alertaram na quinta-feira para a "presença de magma sob a área urbana de Goma, que se estendia sob o lago Kivu", o que provoca a possibilidade "de uma erupção em terra, ou sob o lago, sem nenhum sinal precursor". Por este motivo ordenaram uma evacuação "preventiva".
O governo afirmou que deseja "preservar as pessoas que moram no percurso de possíveis rios de lava" e já advertiu que o retorno para as casas "acontecerá apenas quando a ameaça for totalmente descartada".
Ontem, um grupo de cientistas seguiu para o topo do vulcão para avaliar os riscos de nova erupção, além de "observar e extrair dados atuais, que permitirão ao governo tomar decisões futuras", declarou o porta-voz do governo, Patrick Muyaya.
A cidade de Goma tem oficialmente mais de 600.000 habitantes, e a aglomeração urbana soma dois milhões, segundo a administração.
De acordo com as autoridades, 32 pessoas morreram desde a erupção de sábado passado (22).
O vulcão Nyiragongo entrou em erupção repentinamente no dia 22 e provocou a primeira fuga de moradores.
O que aconteceu no sábado foi "uma erupção muito pequena, um verdadeiro milagre", em particular, o fato de que "tão pouca lava tenha saído da cratera", afirmou Dario Tedesco, um vulcanologista italiano que morou por vários anos em Goma.
Há quatro tipos de risco agora, conforme as autoridades: os tremores de terra repetidos; a toxicidade do ar e da água pelas cinzas dispersas na atmosfera; uma "erupção secundária" com a possibilidade de que a lava surja diretamente do solo da cidade; e, o pior cenário, a explosão de uma "reserva de gás sob o lago Kivu por contato com o magma".
A grande erupção anterior do Nyiragongo, em 17 de janeiro de 2002, matou pelo menos 100 pessoas.
GOMA