Giovanni Brusca, de 64 anos, foi libertado na segunda-feira por bom comportamento na prisão romana de Rebibbia, depois de passar 25 anos atrás das grades, tempo durante o qual aceitou colaborar com as autoridades.
Segundo as leis italianas, ele deverá permanecer em liberdade condicional durante os próximos quatro anos.
"Libertam Brusca, o mafioso mais cruel", afirma o jornal La Republicca.
"É uma notícia que me dói como pessoa, mas é a lei, uma lei que meu irmão quis e que é preciso respeitar", reagiu a irmã do juiz Falcone, Maria, citada pelo jornal.
A Justiça determinou que Giovanni Brusca foi a pessoa que em 1992 acionou o controle remoto que detonou a bomba que destruiu o carro do juiz nas proximidades de Palermo, causando a morte de Giovanni Falcone, sua esposa e de três guarda-costas.
A esposa de um dos guarda-costas, Tina Montinaro, manifestou nesta terça-feira sua "indignação" com a libertação de Brusca.
"Vinte e nove anos depois ainda não sabemos a verdade e (...) o homem que destruiu a minha família está livre", lamentou.
Brusca, um dos colaboradores mais próximos de Toto Riina, o temido chefe máximo da máfia siciliana Cosa Nostra, foi detido em 20 de maio de 1996.
Após ser preso, aceitou colaborar com a Justiça e depor em vários julgamentos.
Conhecido por ser um criminoso sanguinário, ele também foi condenado pelo sequestro e assassinato em 1983 do pequeno Giuseppe Di Matteo, o filho de 11 anos de um arrependido da máfia, que estrangulou e depois dissolveu seu corpo em ácido, um ato de vingança contra o pai do menino, que havia aceitado colaborar com a Justiça.
Sua libertação foi criticada por muitos líderes políticos, tanto de direita quanto de esquerda.
O líder do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), Enrico Letta, a classificou como "um soco no estômago (que) te deixa sem palavras".
"Uma pessoa que cometeu esses atos, que dissolveu uma criança em ácido, que matou Falcone, na minha opinião é uma fera e não pode sair da prisão", reagiu o líder do partido de extrema direita Liga, Matteo Salvini.