Jornal Estado de Minas

MANÁGUA

Tribunal Eleitoral da Nicarágua pede que partidos respeitem leis que inibem opositores

O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) da Nicarágua instou nesta sexta-feira (4) os partidos, frente as próximas eleições de novembro, a cumprirem as leis polêmicas que destituem da disputa os líderes de protestos massivos que pedem a renúncia do presidente Daniel Ortega.



"Não podem ser inscritos como candidatos a cargos eletivos (...) aqueles que não cumpram as qualificações, impedimentos ou sejam proibidos" pelas leis dos agentes estrangeiros e de defesa dos direitos do povo à independência, soberania e autodeterminação para a paz, indicou a resolução do tribunal eleitoral.

Os magistrados, a maioria dos quais simpatizam com o partido no poder, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda), lembraram às partes para não "registrar" aqueles que lideram ou tentam golpes de Estado, alteram a ordem e promovem atos "terroristas".

Além disso, estão proibidos de se candidatar aqueles que incitam a interferência estrangeira ou se organizam com financiamento estrangeiro para atos de terrorismo e desestabilização.

O alerta do CSE surge quando a Aliança Cidadão pela Liberdade (CXL-direita), principal força de oposição, efetua um processo de inscrição e seleção de um candidato às eleições de 7 de novembro.



Entre as opções estaria a jornalista Cristiana Chamorro, que, apesar de estar em prisão domiciliar por conta de denúncias de lavagem de dinheiro feitas pela Procuradoria-Geral da República, ainda pode ser registrada, desde que não haja sentença final proclamada pela justiça.

De acordo com uma pesquisa recente, Chamorro é a candidata com maior apoio dos cidadãos depois de Ortega, que ainda não oficializou sua candidatura para disputar um quarto mandato consecutivo.

"Se a dança das inibições continuar e ficarmos sem outros candidatos, o lógico é que eu não participe desse processo (...) devemos analisar seriamente a participação neste exercício espúrio", disse o ex-diplomata e pré-candidato do CXL, Arturo Cruz.

Enquanto isso, o candidato Félix Maradiaga criticou "um ato covarde para impedir a verdadeira competição eleitoral, não deveria ser reconhecido como legítimo por nenhum partido da oposição" e acusou o tribunal de fazer uma "chantagem descarada" aos partidos.

Ortega, de 75 anos e há 14 no poder, enfrenta uma crise política desde 2018, provocada por protestos que deixaram 328 mortos e milhares de exilados, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

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