"É uma etapa completamente nova. Até não falar mais - o mencionamos de forma muito respeitosa e franca - do Plano Mérida. Não queremos cooperação militar", disse López Obrador em sua coletiva de imprensa matinal.
O presidente fez alusão ao programa de cooperação estabelecido em 2008, mediante o qual os Estados Unidos prestam assistência militar ao México e à América Central para reforçar a segurança e combater o narcotráfico.
"Não queremos que seja como antes, que nos traziam um helicóptero com artilharia e se fazia a foto do embaixador dos Estados Unidos com o presidente da vez (...) Queremos cooperação para o desenvolvimento, não queremos mais nem ouvir do Plano Mérida", disse o presidente mexicano.
Harris encerrou na terça-feira uma viagem que a levou a Guatemala e ao México para tratar fundamentalmente da problemática da migração de pessoas sem documentos aos Estados Unidos.
Mas em seu encontro com López Obrador foram abordadas outras questões como o tráfico de fentanil - um opioide sintético até cem vezes mais forte que a morfina - entre o México e seu vizinho do norte, comentou a vice.
Também se falou do contrabando de armas a partir dos Estados Unidos, que acabam no poder dos cartéis mexicanos.
O México está mergulhado em uma espiral de violência desde 2016, quando o governo da época lançou uma operação militar antidrogas que já deixou 300.000 mortos.
Sobre o problema migratório, López Obrador disse que também pediu à delegação americana para deixar de se referir a Guatemala, Honduras e El Salvador, principais países de origem dos migrantes, como Triângulo do Norte.
"É uma falta de respeito (...), não é um triângulo, é como dizer 'é um quintal'", afirmou o presidente, ao destacar que os funcionários da Casa Branca estiveram de acordo porque são "sensíveis" a estes temas.
Harris, que esteve pouco menos de 24 horas na Cidade do México, admitiu ao final de sua visita que resolver a fundo o problema migratório levará tempo porque devem ser entendidas as causas, como a pobreza e a violência.
Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2018, López Obrador também destacou que a migração irregular deve ser combatida promovendo o desenvolvimento no sul do México e da América Central.
O presidente americano, Joe Biden, flexibilizou as políticas migratórias, o que se traduziu em uma nova afluência de pessoas sem documentos que tentam chegar aos Estados Unidos atravessando o México.
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