O país registrou 143 mil hectares de cultivos ilícitos no ano passado, o que mostra uma queda de 7% frente as 154 mil contabilizadas em 2019, embora "a produção de cocaína continue crescendo", alertou Pierre Lapaque, representante do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (Undoc).
No poder desde 2018, o governo conservador de Iván Duque avançou nos últimos anos na destruição das plantações de onde é extraída a matéria-prima da droga, que atingiu a cifra recorde de 171.000 hectares em 2017.
Seu antecessor, Juan Manuel Santos, afirmou na época que os camponeses haviam multiplicado suas safras com a expectativa de receber os benefícios provenientes do acordo de paz com as antigas Farc, em 2016, e do enfraquecimento do peso colombiano em relação ao dólar.
Nesta quarta-feira, o presidente Duque comemorou a redução dos plantios ilehais desde sua chegada ao poder.
"Sempre dissemos aos colombianos que a nossa missão seria a de enfrentar o crescimento exponencial dos cultivos ilícitos (...) e começar um ano de redução" diante dessa "ameaça", declarou Duque durante a apresentação do relatório da ONU em Bogotá.
Em acréscimo, o presidente colombiano afirmou que seu governo não deixará "de fazer nenhum tipo de ação ou apelar a nenhum tipo de instrumento contemplado pela Constituição e a lei, de forma a continuar enfrentando esse problema".
No entanto, Lapaque destacou que no país existem enclaves consolidados de produção de drogas nas fronteiras com Equador e Venezuela.
"A produção de cocaína não depende apenas da área plantada com coca", ressaltou o representante da Undoc.
A Colômbia produziu 1.228 toneladas desse pó branco no ano passado, de acordo com uma estimativa da ONU.
A quantidade "de folhas que podem ser coletadas em um hectare, a quantidade de alcaloide disponível nas folhas e a capacidade dos processadores para extraí-la estão aumentando, apesar dos esforços significativos das forças públicas", acrescentou.
Os cinco departamentos com maior número de plantações ilícitas foram Norte de Santander (nordeste), Nariño, Putumayo, Cauca (sudoeste) e Antioquia (noroeste), que concentram "até 84% de toda a coca do país", segundo a ONU.
Quase metade (48%) está em áreas protegidas, como parques nacionais ou reservas indígenas.
Desde que assumiu o cargo, em agosto de 2018, Duque priorizou o combate ao narcotráfico e lançou um plano antidrogas que visa reduzir pela metade o território cultivado com coca entre 2022, quando deixará a presidência sem opção de se candidatar à reeleição.
O presidente redobrou esse combate por meio da erradicação forçada de lavouras, e pretende reativar a fumigação da área com glifosato, suspensa desde 2015 pela Justiça devido aos potenciais danos à saúde humana e ao meio ambiente.
Os trabalhadores do campo são contra o retorno da aplicação dessa substância, apesar de que o governo garanta o cumprimento do que for exigido pela lei para minimizar os danos colaterais.
A Colômbia - que há mais de meio século vive um conflito armado alimentado pelos recursos do narcotráfico - continua sendo o principal produtor de cocaína e o maior produtor de folha de coca do mundo, à frente do Peru e da Bolívia.
No ano passado, a força pública confiscou 505 toneladas de cocaína. Os Estados Unidos são o maior consumidor dessa droga.