Um porta-voz da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou na quarta-feira que não tinha confirmação de que a Venezuela havia quitado toda sua dívida com o Covax.
"A Venezuela pagou, mas na última parcela o banco disse: não, esses 10 milhões estão bloqueados", respondeu a vice-presidente durante sua participação em um fórum econômico transmitido pela televisão estatal.
Segundo Rodríguez, o embaixador da Venezuela em Genebra, Héctor Constant Rosales, recebeu uma comunicação do Covax informando sobre a quantia pendente.
"Desde 13 de abril, [a aliança de vacinas] Gavi recebeu 12 transações da Venezuela em um valor de 109.968.081 dólares, restando um saldo de 10.031.000", explicou a vice-presidente.
"Por que esse saldo?", continuou. "A Venezuela pagou a tarifa total exigida pelo Covax, mas os últimos quatro pagamentos, que chegam a um valor de 10.031.000 dólares, foram bloqueados e é o que o Covax nos informou", disse ela, acrescentando que o mecanismo indicou que o dinheiro está sob investigação.
O governo do presidente Nicolás Maduro tem sido atingido por sanções internacionais lideradas pelos Estados Unidos, que dificultam seu acesso ao sistema financeiro internacional.
Ciro Ugarte, diretor de Emergências em Saúde da Opas, fez referência a esse pagamento pendente nas últimas duas semanas, embora na quarta-feira tenha dito que o processo de envio das vacinas do Covax à Venezuela está "em andamento". "O tipo de vacina e a quantidade (...) serão divulgados nas próximas semanas", afirmou.
O governo socialista espera receber a vacina da farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson, de dose única e que não requer refrigeração extrema, mas isso vai depender de sua disponibilidade, segundo a Opas.
A Venezuela, que planeja ter 70% de sua população imunizada até dezembro, está usando até então as vacinas Sputnik V, da Rússia, e Vero Cell, da China.
Entre seus 30 milhões de habitantes, o governo venezuelano registra quase 247 mil casos de covid-19 com 2.764 mortes, números que são questionados por organizações como a Human Rights Watch, que acreditam em uma alta subnotificação.
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