Jornal Estado de Minas

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#PraEntender as eleições na América Latina e os reflexos no Brasil

Eleições presidenciais e municipais na América Latina podem redefinir o mapa geopolítico da região e mostrar os possíveis reflexos e caminhos da eleição brasileira de 2022. No #PraEntender desta semana, analisamos os possíveis direcionamentos que a região terá a partir dos recentes resultados das urnas.




 

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Disputa no Peru
Os peruanos foram às urnas em 6/6 para escolher o novo presidente. A acirrada disputa foi entre Keiko Fujimori e Pedro Castillo. Segundo a Oficina Nacional de Procesos Electorales (ONPE), órgão eleitoral do país, semelhante ao TSE, Castillo teve 50,19% dos votos válidos, contra 49,80% da adversária. A votação teve alta participação popular, com mais de 74,7% de presença. 

Castillo é professor, sindicalista e durante a campanha deu poucas entrevistas. Keiko, por sua vez, é filha do ex-ditador Alberto Fujimori, que governou o Peru de 1992 a 2000. Ela sempre aparecia nos comícios com o uniforme oficial, a camisa do time peruana, e ficou em evidência após passar para o segundo turno das eleições, com 1,9 milhão de votos.

Desestabilidade no país
O processo eleitoral no Peru foi o desfecho de uma crise política, que levou à derrubada de dois presidentes no fim de 2020. Em novembro, o Congresso do país destituiu o então presidente Martin Vizcarra por “incapacidade moral para governar”. 





O sucessor de maneira interina, Manuel Merino, ficou apenas seis dias no cargo e se demitiu após denúncias de violência policial contra protestos que ocorreram por mais de uma semana, principalmente na capital, Lima. Merino foi substituído por Francisco Sagasti, que se comprometeu a estabilizar a nação.

Eleição no Equador
No Equador, a disputa foi pelo segundo turno das eleições presidenciais, entre o banqueiro Guillermo Lasso, do Criando Oportunidades, e o economista Andrés Arauz, da União pela Esperança, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

Contrariando as previsões das pesquisas eleitorais, Lasso venceu Arauz, em uma disputa acirrada, com 52,5% dos votos, contra 47,5% do afilhado de Correa.Algumas das propostas de Lasso envolvem uma política de livre mercado e mínima intervenção estatal na economia. O novo presidente também propôs duplicar a atividade petrolífera, principal fonte de renda do país.




 
Votação na Bolívia
Na Bolívia, as províncias de Tarija, Pando, La Paz e Chuquisaca também decidiram no segundo turno, em 11 de abril,  os governadores. O país andino teve eleições presidenciais em setembro de 2020 e o primeiro turno em março para eleger prefeitos e governadores dos nove departamentos do país.
 
Polarização na América Latina
Segundo Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as três últimas eleições presidenciais: Bolívia, Equador e Peru, mostram a esquerda fortalecida mas com a direita bastante importante. “Isso leva a um continente que está fraturado, que realmente essa bipolarização, essa polarização não é um fenômeno brasileiro, é um fenômeno no mínimo continental, para não dizer mundial.”
 
Ainda analisando a situação do Brasil, o professor conta que acredita não haver tempo hábil para uma possível terceira via se tornar forte; “Acho que podemos esperar no Brasil para 2022 uma divisão em dois pólos. Não acredito muito na hipótese cogitada na imprensa, academia e sociedade de uma terceira via num terceiro pólo competitivo. A rigor, estamos há um ano do desencadear do processo eleitoral brasileiro e se até hoje não apareceu uma terceira via competitiva, acho improvável que aconteça nesse tempo que resta”.




 
Avanço na legislação
Além das mudanças nos governos da América Latina, no fim de 2020 alguns movimentos também contribuíram para o redesenho geopolítico da região. Em 25 de outubro, o país foi às urnas para decidir se queriam ou não uma nova constituição, para substituir a promulgada em 1980, durante a ditadura de Augusto Pinochet. O plebiscito foi aprovado com 78,2% dos votos.

Em maio, os chilenos voltaram às urnas para escolher os 155 parlamentares que vão redigir a nova Constituição. Algumas das particularidades desses parlamentares é que, pela primeira vez, haverá equidade de gênero e a assembleia também é formada por novos integrantes eleitos, sem obrigatoriedade de filiação partidária.

“Na Argentina há uma pauta comportamental muito clara, a questão do aborto, e ali a esquerda prevalece. No Chile com a votação da Assembléia Constituinte, houve uma presença massiva de mulheres eleitas pelo povo e de minorias presentes no novo congresso nacional. Uma espécie de prestação de contas com passado do Chile, com legado da ditadura, então a esquerda também ganha força naquele país”, analisa o professor de política internacional da UFMG Dawisson Belém Lopes.

(*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Alves)




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