Estas ações teriam gerado ao país, entre 2018 e 2020, perdas no valor de 78 bilhões de colones, o equivalente a 125 milhões de dólares. É "um dos mais importantes que realizamos nos últimos meses", disse o diretor do Organismo de Investigação Judicial, Wálter Espinoza, que comandou a operação.
Na operação na Casa Presidencial, o escritório de Camilo Salgarriaga, um assessor do presidente Carlos Alvarado, foi alvo de buscas, assim como a residência do funcionário.
Saldarri, que alegou inocência, não foi detido, mas apresentou sua renúncia para responder ao processo. Ele era encarregado de supervisionar a execução do orçamento federal, e coordenava com o Tesouro Nacional as transferências a instituições como o Conselho Nacional de Rodovias (Conavi), uma das envolvidas na investigação.
"Assim como vocês, sinto uma enorme indignação, incômodo e raiva pelos atos de corrupção por contratos de obra pública com propinas oferecidas por empresas construtoras a funcionários da Conavi e supostamente outras entidades", disse o presidente Carlos Alvarado em uma mensagem aos costa-riquenhos.
"É meu desejo (...) que se chegue ao fundo do assunto e se sintam as responsabilidades e sanções, recaiam em quem recaírem (...)", acrescentou o presidente.
"Nâo conhecemos em detalhes os fatos (...) A Presidência não tem participação na adjudicação de obra pública. Demos e daremos nosso apoio a toda gestão na investigação", acrescentou.
- Esquema de propinas -
Durante a operação, liderada pelo OIJ, subordinado ao Ministério Público, foram realizadas 57 buscas, tanto a entidades públicas como em domicílios particulares.
"Identificamos um esquema de subornos, um esquema de regalias e pagamentos indevidos direcionados a funcionários públicos patrocinados por empresas privadas (...) Inclusive, havia um sistema de intermediação entre empresas privadas e funcionários que permitia a entrega de subornos e a subsequente lavagem e ocultação dessas movimentações", explicou Espinoza, diretor do OIJ.
Segundo informações oficiais do OIJ, durante a manhã 28 suspeitos foram detidos, entre eles dois dos donos das construtoras mais importantes do país.
A polícia revistou 14 instituições públicas, entre elas a Casa Presidencial, o Conselho Nacional de Rodovias (Conavi), o Ministério de Obras Públicas e Transportes (MOPT) e o Conselho de Transporte Público (CTP), entre outros, múltiplos escritórios de empresas privadas, além de 21 casas de pessoas vinculadas à suposta rede.
"Houve uma denúncia para um grupo de funcionários públicos que favoreciam algumas empresas e que faziam isso para obter benefícios na manutenção do desenvolvimento e construção de estradas", afirmou Espinoza.
"Estas empresas tinham o monopólio de outorgas e licitações públicas porque contavam com o apoio de funcionários que davam benefícios irregulares", acrescentou o chefe da OIJ. Entre os favores, incluem-se carros, terrenos, dinheiro vivo, entre outros.
Os crimes investigados são peculato, suborno, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e tráfico de influências.
- Empreiteiras -
Alguns detidos fazem parte da empresa MECO S.A., companhia de capital costa-riquenho, mas com importante presença em obras de infraestrutura pública e privada em Nicarágua, Panamá, El Salvador e Colômbia.
Três das detenções, inclusive, foram feitas nos escritórios da MECO, na localidade de La Uruca, em San José, capital da Costa Rica.
Desde 2019, o Ministério Público costa-riquenho abriu um processo contra eles por se oporem à Lei contra o Crime Organizado e, inclusive, tinham seus telefones grampeados há mais de um ano, segundo o mandato de buscas do caso.
"A construtora Meco está na melhor disposição de colaborar com o Ministério Público, facilitando e entregando informação e documentação requerida sobre o caso", disse a empresa em um comunicado.
Outros detidos fazem parte da construtura H. Solís, uma das mais conhecidas da Costa Rica em licitações públicas.
Esta é a segunda vez em que a Casa Presidencial é revistada. Em fevereiro de 2020, as autoridades fizeram uma busca em suas instalações como parte das investigações sobre o possível acesso ilegal à informação sensível da população por meio da Unidade Presidencial de Análises de Dados (UPAD).