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Estado de Minas TEERÃ

Oito anos de governo Rohani levaram Irã da euforia à decepção


16/06/2021 08:47

Eleito em 2013 com a promessa de abertura diplomática e de liberalização da sociedade e reeleito quatro anos depois, o presidente iraniano, Hassan Rohani, considerado moderado, termina seu segundo mandato com alto índice de impopularidade.

Se a vitória do ultraconservador Ebrahim Raisi se concretizar, projetada por pesquisas que antecipam uma abstenção histórica no primeiro turno da eleição presidencial de 18 de junho, o fracasso da experiência Rohani, marcada pelo colapso econômico, estará consagrado.

Rohani "queria liberalizar a economia iraniana, estimulando o papel do setor privado e atraindo investidores estrangeiros", recorda Thierry Coville, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS, na sigla em francês) de Paris.

Seu projeto foi, porém, "completamente pisoteado" pelo então presidente americano, Donald Trump, acrescenta Coville.

Em 14 de julho de 2015, dois anos após a eleição de Rohani, a República Islâmica chegou a um acordo em Viena para encerrar 12 anos de tensões internacionais sobre a questão nuclear.

Em troca da promessa de não adquirir armas atômicas e de reduzir drasticamente suas atividades nucleares, o Irã obteve alívio das sanções internacionais que sufocavam sua economia. A notícia foi recebida com cenas de júbilo nas ruas de Teerã.

- Poderes limitados -

Em 2018, no entanto, a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do acordo de Viena e de impor novamente as sanções levantadas mergulhou o Irã em uma recessão severa, cujos efeitos foram ampliados pela pandemia da covid-19.

Rohani foi incessantemente criticado pelos ultraconservadores, que classificaram seu governo de "ineficiente", em especial, diante da crise da saúde. O presidente atribuiu as dificuldades econômicas à "guerra econômica" por parte dos Estados Unidos.

Os reformistas, que apoiaram seu governo, censuram-no por ter abandonado grande parte de suas promessas eleitorais, sobretudo, em questões de liberdades civis e individuais.

Rohani também foi criticado por fracassar em obter a liberdade de Mir Hosein Mousavi e de Mehdi Karoubi, líderes do movimento de oposição à reeleição do ex-presidente Mahmud Ahmadinejad em 2009.

Mas a gestão de Rohani "deve ser julgada à luz dos (...) poderes" disponíveis ao presidente, destaca o jornalista Ahmad Zeidabadi.

No Irã, é o guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que concentra o poder. Além disso, a influência do presidente é fortemente limitada por outras instituições, como a Guarda Revolucionária, o braço ideológico da República Islâmica, e a Autoridade Judiciária.

- Classe média debilitada -

Como ponto positivo, o governo Rohani conseguiu melhorar o acesso à Internet e a qualidade do serviço, aumentando a largura de banda.

Ele não conseguiu, porém, desbloquear o Twitter e o Facebook, como havia prometido, e a maior parte da Internet continua inacessível no Irã.

Embora a polícia dos costumes esteja menos presente nas ruas, um movimento contra a obrigação das mulheres de se cobrirem em público foi severamente reprimido em 2018.

Da mesma forma, duas ondas de protesto popular foram controladas violentamente em 2017-2018 e em novembro de 2019.

Vários defensores dos direitos humanos, especialmente dos direitos das mulheres, continuam detidos, e alguns viram suas sentenças aumentadas.

"Politicamente, a classe média instruída nas grandes cidades está muito decepcionada com Rohani", disse Coville à AFP.

"As pessoas entendem o que aconteceu, mas esperavam que ele resistisse mais aos avanços dos radicais", acrescenta.

O analista conservador Hossein Kanani Moqadam disse à AFP que Rohani contribuiu para sua própria marginalização por se apoiar apenas em um círculo limitado de pessoas fiéis, arrastando "o governo para um impasse político".

"A maior conquista do presidente é ter negociado um compromisso diplomático com Washington dentro da estrutura das linhas vermelhas do regime iraniano", destaca Clément Therme, pesquisador do Instituto Universitário Europeu, em Florença.

E seu "principal fracasso é o enfraquecimento da classe média e as revoltas das classes populares, atingidas pela crise", diz.

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