"Após uma falha técnica na central Bushehr (...) foi paralisada temporariamente e desconectada da rede elétrica nacional", afirma a Agência de Energia Atômica do Irã (AIEA) em um comunicado.
"Naturalmente, depois de corrigida a falha técnica, a central voltará a ser conectada à rede elétrica nacional", completa o texto.
Projetada com um reator de potência de 1.000 megawatts (MW), a central foi construída pela Rússia e iniciou as operações em 2013.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Said Khatibzdeh, afirmou em uma entrevista coletiva que o fechamento foi "anunciado com antecedência" e estava previsto "por alguns dias devido a uma falha técnica ou por razões técnicas".
"É algo de rotina no âmbito das centrais nucleares e acontece uma ou duas vezes por ano", disse.
A empresa nacional de energia energia elétrica, que pediu aos iranianos que reduzam o consumo, afirmou que a central passa por "reparos" que podem prosseguir até sexta-feira.
Em Viena, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que foi "informada [do anúncio iraniano] sobre o desligamento temporário" do reator ligado a "um problema técnico" e que estava "em contato" com a agência iraniana.
As centrais nucleares em operação em todo o mundo devem parar de maneira periódica para tarefas de manutenção ou para recarregar o reator.
Mas o fechamento de Bushehr pode ter relação com as negociações em Viena para tentar salvar o acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.
O pacto oferece à República Islâmica um alívio das sanções ocidentais e da ONU em troca do compromisso de que o país não desenvolva armas atômicas e de uma drástica redução de seu programa nuclear, sob rígido controle das Nações Unidas.
Mas o acordo foi prejudicado em 2018 pela decisão do ex-presidente americano Donald Trump de abandonar o pacto e restabelecer as sanções de Washington.
Trump e Israel acusaram o Irã de tentar adquirir armas atômicas em segredo, algo que Teerã sempre negou.
O Irã acusa Israel de sabotar algumas de suas instalações de enriquecimento de urânio.
- "Problemas graves" -
Em 29 de março, Mahmud Jafari, vice-diretor da AIEA, afirmou que a organização encontrava dificuldades para "proporcionar alguns produtos ou serviços necessários" para o funcionamento correto da central de Bushehr devido às sanções dos Estados Unidos, que isolam o Irã do sistema financeiro internacional.
"Se uma solução não for encontrada, a central enfrentará graves problemas este ano e tememos que terá que parar de funcionar", declarou.
No início de junho, o Irã recuperou o direito de voto na Assembleia Geral da ONU depois que conseguiu saldar os valores atrasados de sua dívida com a ONU. Teerã alegava que não conseguia pagar devido às sanções de Washington.
Em 2020, segundo a a Organização de Energia Atômica do Irã, o combustível necessário para o funcionamento da central foi entregue pela Rússia em 29 de abril e o reator foi reconectado à rede em 22 de junho, "após a substituição anual do combustível e o reparo periódica dos equipamentos básicos."
O Irã fica na fronteira de várias placas tectônicas e é atravessado por várias falhas, além de ser uma área de grande atividade sísmica.
Os países árabes do Golfo vizinhos do Irã já expressaram em várias oportunidades a preocupação com a confiabilidade da central e o risco de vazamentos radioativos em caso de um grande terremoto.
Em abril, a região de Bushehr foi abalada por um terremoto de 5,8 graus de magnitude, que deixou cinco feridos, mas não provocou danos na central, de acordo com a imprensa estatal iraniana.
TEERÃ