O proprietário do jornal, o empresário Jimmy Lai, está detido e foi um dos primeiros a ser acusado no âmbito desta lei implementada no ano passado.
O chefe de redação e o diretor-geral do Apple Daily foram detidos na semana passada, e as contas do jornal foram congeladas com base na mesma lei.
Essa legislação vem sendo usada por Pequim para acabar com a dissidência em Hong Kong.
O conselho de administração do Apple Daily se reuniu nesta segunda-feira (21) para discutir o futuro do jornal.
"O conselho de administração decidiu se reunir na sexta-feira para decidir se acaba com o Apple Daily", afirma o jornal, em um comunicado enviado aos leitores.
Meios de comunicação concorrentes, como a Now TV e o jornal Oriental Daily, informaram que a direção do Apple Daily praticamente já decidiu pelo fechamento do jornal e que a data da última edição será publicada na sexta-feira.
O fim do jornal representaria o desaparecimento de uma das poucas publicações locais que ousam criticar as autoridades chinesas. Também seria uma grande vitória para as autoridades, que não escondem o desejo de silenciar o veículo.
- Contas bloqueadas -
Em uma entrevista à emissora CNN, Mark Simon, um colaborador de Lai, afirmou que a ordem anunciada na semana passada pelo secretário de Segurança da cidade prejudicou a capacidade do jornal para fazer negócios.
"Nosso problema não é falta de recursos, temos 50 milhões de dólares no banco", disse.
"Nosso problema é que o secretário de Segurança e a polícia não nos permitem pagar nossos jornalistas (...) nossos funcionários (...) e nossos fornecedores. Bloquearam nossas contas", explicou.
Lai, de 73 anos, foi preso por participação nas manifestações pró-democracia em 2019 e pode ser condenado à prisão perpétua, se for considerado culpado de crimes contra a segurança nacional.
Na quinta-feira da semana passada (17), mais de 500 policiais entraram na redação do jornal e prenderam cinco executivos do Apple Daily por uma série de matérias que, segundo as forças de segurança, defendiam sanções internacionais contra a China.
Dois deles - o chefe de redação, Ryan Law, e o diretor-geral, Cheung Kim-hung - foram acusados de "conivência" com forças estrangeiras para prejudicar a segurança nacional da China e foram colocados em prisão preventiva no fim de semana.
Esta é a primeira vez que a lei de segurança nacional é aplicada para opiniões publicadas por um meio de comunicação de Hong Kong.
Redigida por Pequim e imposta no mês de junho do ano passado, a lei permite às autoridades congelar os ativos de qualquer pessoa, ou empresa, que seja considerada uma ameaça para a segurança, sem a necessidade de uma ordem judicial.
"Todas estas ordens procedem basicamente do secretário de Segurança. Enfrentamos uma agência de segurança, não os tribunais", declarou Simon à CNN.
HONG KONG