Jornal Estado de Minas

YANGON

Escalada da violência em Mianmar por aumento de grupos de 'autodefesa', diz informe

Mianmar vive uma escalada da violência com um aumento das forças de "autodefesa" que tentam enfrentar os militares e a junta do governo, segundo um informe divulgado nesta segunda-feira (noite de domingo, 27, no Brasil), que adverte para um custo humano "enorme" se o regime intensificar a repressão.



O país asiático está mergulhado na turbulência política desde o golpe de Estado de fevereiro que depôs o governo de Aung San Suu Kyi, com mais de 880 mortos na repressão aos opositores, segundo organizações locais.

Em algumas áreas, moradores locais formaram "forças de defesa" para enfrentar a junta, muitas vezes usando fuzis de caça feitos em fábricas improvisadas na selva.

Em resposta, os militares usaram helicópteros e artilharia inclusive contra grupos no estado de Chin (noroeste) e na fronteira leste com a Tailândia.

"Confrontados a uma insurreição armada, o Tatmadaw (forças armadas birmanesas) poderia desatar seu poderio militar contra civis", advertiu o International Crisis Group (ICG), uma ONG com sede em Bruxelas.

"O custo humano será enorme, especialmente para mulheres, crianças e idosos, que enfrentam maiores dificuldades pela violência e pelo deslocamento", acrescentou.

Os confrontos ocorreram em regiões onde anteriormente não havia conflitos, forçando as agências humanitárias a uma corrida para instalar novas operações e linhas de abastecimento, disse o ICG.



Cerca de 230.000 pessoas foram deslocadas pelos combates e pela insegurança, informou a ONU na semana passada.

Os grupos de autodefesa agravam a volatilidade no empobrecido país do sudeste asiático, onde mais de 20 grupos rebeldes étnicos estão em conflito com o Estado desde antes do golpe.

Com o colapso econômico, as novas milícias "buscam fontes de renda para além das doações comunitárias que as têm sustentado", advertiu o ICG.

A ONG acrescentou que é pouco provável que o "governo de unidade nacional" à sombra, formado por ex-integrantes do governo de Suu Kyi, possa controlá-los.

Os confrontos entre milícias civis e os militares têm ocorrido geralmente em áreas rurais.

Mas na semana passada, pelo menos seis pessoas morreram em um confronto a tiros entre as forças de segurança e um grupo de autodefesa em Mandalay, a segunda cidade do país.

audima