O documento, assinado por partidos de esquerda, sindicatos e organizações sociais, além de alguns ex-aliados do Bolsonaro, reúne os 123 pedidos de impeachment já entregues à Câmara com mais de 20 acusações, incluindo a de ter sido negligente diante da pandemia que já deixou mais de 500 mil mortos no país.
O presidente se opôs repetidamente às medidas de isolamento social, promoveu aglomerações sem o uso de máscaras, questionou a eficácia das vacinas e promoveu medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
A iniciativa busca pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para dar andamento a alguns dos pedidos de impeachment que se acumulam em sua gaveta. Porém, observadores consideram improvável que Lira, um aliado de Bolsonaro, decida dar esse passo.
E caso isso ocorra, é difícil que o impeachment seja aprovado, já que isso exige o apoio de dois terços dos deputados e Bolsonaro, apesar da queda de sua popularidade, ainda conta com o apoio de uma coalizão heterogênea de partidos conservadores.
A iniciativa se soma a uma crescente mobilização social e ao trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada há dois meses pelo Senado, que apura denúncias de corrupção na negociação e compra de vacinas.
Na segunda-feira, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Fabiano Contarato (Rede-ES) entraram com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que se investigue se Bolsonaro cometeu crime de "prevaricação" ao deixar de denunciar as suspeitas do caso da vacina indiana Covaxin, sobre o qual teria conhecimento.
Entre os signatários do 'superpedido de impeachment' estão o Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como sindicatos de trabalhadores, organizações estudantis, entidades de juristas e coletivos antirracistas.
BRASÍLIA