"Graças ao sucesso do nosso programa de vacinação, estamos progredindo com cautela em nosso roteiro", disse Johnson, antes de uma entrevista coletiva marcada para a tarde.
Seu anúncio diz respeito, porém, apenas à Inglaterra. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte decidem suas próprias políticas de saúde e optam por um desconfinamento mais lento.
No pronunciamento, Johnson avisará que, embora as vacinas estejam permitindo que novas infecções não se traduzam em hospitalizações e em mortes em massa, "a pandemia não acabou, e os casos continuarão a aumentar nas próximas semanas".
No país, 86% dos maiores de 18 anos já receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, e quase 64%, o regime completo de duas injeções.
Assim, a mensagem do primeiro-ministro é de liberdade, mas também de prudência.
"À medida que começamos a aprender a conviver com este vírus, devemos todos continuar a administrar cuidadosamente os riscos e a exercitar o bom senso", enfatizou ele, em um comunicado divulgado por Downing Street.
- Futebol e férias -
Um dos países mais atingidos pela pandemia na Europa, com mais de 128 mil mortos, entre uma população de 66 milhões, o Reino Unido impôs um confinamento rígido no início de janeiro. A medida começou a ser suavizada gradualmente no final de março.
Aos poucos, escolas, lojas não essenciais, cinemas, museus e restaurantes foram reabrindo.
Restava apenas a reabertura de boates e outros locais de entretenimento noturno, grandes eventos, como megashows, e o fim do teletrabalho.
Essa última etapa estava programada para 21 de junho, mas a variante Delta do coronavírus, identificada primeiro na Índia, atrapalhou os planos. Com isso, Johnson adiou o desconfinamento total por quatro semanas, até 19 de julho.
Entre 40% e 80% mais contagiosa, a variante Delta é agora a dominante no Reino Unido, passando de 2.000 infecções diárias para 25.000 em poucas semanas.
Após anunciar o adiamento, Johnson prometeu uma revisão passadas duas semanas e, nesta segunda-feira, parece determinado a acabar com todas as restrições.
O governo já flexibilizou a proibição de grandes eventos para permitir que 60 mil torcedores nas semifinais e na final da Eurocopa compareçam ao Estádio de Wembley de Londres. Este número corresponde a dois terços de sua capacidade.
A primeira semifinal, entre Espanha e Itália, é na terça-feira (6), e a seleção da Inglaterra enfrenta a Dinamarca na quarta (7). O grande afluxo de público tem despertado a preocupação de que possa surgir o que a imprensa chamou de "variante da UEFA".
O Executivo também deve estabelecer até o final desta semana um sistema para que britânicos totalmente vacinados possam sair de férias para os países da lista "âmbar", que inclui grande parte da Europa. Com isso, não teriam de cumprir quarentena na volta para casa.
Antes de Johnson, o novo ministro da Saúde, Sajid Javid, nomeado há uma semana e muito mais favorável à reabertura do que seu antecessor Matt Hancock, falará aos deputados.
O governo deu a entender que planeja abolir o uso obrigatório de máscara em espaços públicos fechados, uma abordagem criticada por vários especialistas.
Assim, Stephen Reicher, professor de Psicologia Social da Universidade de Saint Andrews, considerou "terrível ter um ministro da 'saúde' que deseja tornar todas as proteções uma questão de escolha pessoal, quando a mensagem principal da pandemia não é uma pergunta sobre 'mim', mas sobre 'nós'. Seu comportamento afeta minha saúde".
Para a psicóloga Susan Michie, especialista na área de Comportamento da University College London, a escolha de deixar as infecções aumentarem equivale a "construir novas 'fábricas de variantes' em ritmo altíssimo".
Neste fim de semana, a associação médica britânica pediu ao governo que mantenha algumas restrições, devido ao aumento "alarmante" de casos.
LONDRES