Trinta anos após a suspensão dessa proibição, em julho de 1991, Philip Barton, subsecretário permanente do ministério das Relações Exteriores e chefe do serviço diplomático, se desculpou.
"Quero pedir desculpas públicas pela proibição e o impacto que teve em nossos funcionários LGBTQIA+ e seus familiares, tanto aqui no Reino Unido como no exterior", afirmou Barton em uma mensagem à equipe diplomática.
As relações entre pessoas do mesmo sexo foram descriminalizadas no Reino Unido em 1967.
Mas a proibição de contratar pessoas LGBTQIA+ foi introduzida pelo "receio" de que fossem mais "vulneráveis" à chantagem do que os heterossexuais.
Esse "receio" foi alimentado por vários escândalos de espionagem, como o de John Vassall, um funcionário gay da embaixada britânica em Moscou que caiu em uma armadilha dos soviéticos.
Eles o chantagearam e obrigaram a entregar informações confidenciais ao KGB. Vassall foi detido em 1962 e condenado a 18 anos de prisão.
"A proibição estava em vigor porque existia a 'percepção' de que as pessoas LGBTQIA+ eram mais suscetíveis de serem chantageadas do que os heterossexuais e, portanto, representariam um risco para a segurança", explicou Barton.
"Devido a esta visão errada, as carreiras foram interrompidas, encurtadas ou detidas antes que pudessem começar. Sem dúvida, o serviço diplomático perdeu alguns dos melhores talentos do Reino Unido", lamentou.
O ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, expressou sua "gratidão" aos "diplomatas britânicos do coletivo LGBTQIA+, antigos e atuais, que representam o nosso país de forma tão brilhante e promovem nossos valores em todo o mundo".
Esse pedido de desculpas público ocorre na véspera de uma conferência da Coalizão Intergovernamental pela Igualdade de Direitos, organizada pelo Reino Unido, na terça e quarta-feira.
Em fevereiro, o chefe dos serviços secretos britânicos, Richard Moore, também se desculpou publicamente pelo tratameto discriminatório aos homossexuais, que também foram excluídos do MI6 até 1991.
LONDRES