"Viktor Babaryko foi condenado a 14 anos em uma colônia penitenciária de segurança máxima", afirma a conta do opositor, de 57 anos, no Twitter.
Um ex-banqueiro que decidiu iniciar carreira na política, Babaryko foi condenado pelas acusações de ter recebido subornos e de ter organizado operações de lavagem de dinheiro, segundo a ONG bielorrussa Viasna, que confirmou a condenação do Tribunal Supremo.
"É uma pena sem sentido contra uma pessoa que decidiu entrar na vida política e que se tornou um dos líderes que acordaram o país de uma longa letargia", afirmou a opositora Svetlana Tikhanovskaya, no aplicativo de mensagens Telegram.
De acordo com a acusação, ele cometeu os crimes quando dirigia o Belgazprombank, filial bielorrussa de um banco que pertence à empresa russa Gazprom.
O porta-voz da diplomacia europeia, Peter Stano, pediu a libertação de Babaryko e "dos mais de 530 presos políticos".
A embaixada dos Estados Unidos em Minsk denunciou "uma farsa cruel" por parte da Justiça de Belarus, enquanto um diplomata alemão, Barbel Kofler, destacou que Babaryko "se manteve firme e se declarou inocente, apesar da forte intimidação massiva".
O veredicto do tribunal não permite um recurso de apelação de Babaryko.
Além da pena de prisão, Barbaryko terá de pagar uma multa superior a US$ 50.000 e não poderá exercer alguns cargos de responsabilidade, relatam fontes que acompanharam a audiência.
Outros sete suspeitos, que se declararam culpados e testemunharam contra Babaryko, foram condenados a penas que variam de três a seis anos de prisão.
Uma das advogadas de defesa, Natalia Matskevia, denunciou que a investigação aconteceu sem objetividade e violou os direitos dos suspeitos.
A questionada reeleição de Lukashenko, no poder desde 1994, desencadeou um movimento de protestos que reuniu, durante meses, dezenas de milhares de manifestantes nas ruas.
O governo bielorrusso iniciou uma onda de repressão, com detenções em massa e ações judiciais contra opositores.
A colaboradora mais próxima de Babaryko, Maria Kolesnikova, uma das líderes dos protestos, foi detida. Outras duas figuras da oposição, Tikhanovskaya e Veronika Tsepkalo, forma obrigadas a partir para o exílio.
A condenação de Babaryko coincide com o aumento da pressão contra opositores, ONGs e jornalistas. As autoridades bloquearam, por exemplo, o principal meio de comunicação independente do país, o Tut.by, e prenderam uma dezena de funcionários.
Para a ONG Anistia Internacional (AI), essa condenação "obscurece ainda mais a imagem sombria de uma Belarus entre o medo e a desesperança".
Estados Unidos, União Europeia e outros países ocidentais aprovaram sanções contra autoridades bielorrussas e contra importantes setores econômicos do país.
"Podemos construir um país com valores humanistas, onde o ser humano é respeitado", afirmou Babaryko durante o julgamento.
Ele disse ainda acreditar em "uma Belarus feliz, honesta e aberta".
Em agosto passado, Alexander Lukashenko foi reeleito para um quinto mandato com 80% dos votos, segundo os números oficiais. Nenhuma eleição organizada em Belarus desde sua chegada ao poder foi considerada justas por analistas independentes.
MOSCOU