O barril de WTI para entrega em agosto, referência nos Estados Unidos, superou os 76,90 dólares pouco antes das 05h00 (horário de Brasília), pela primeira vez desde novembro de 2014 e alcançou 76,98 dólares. Às 11h45, perdia 1,32% em relação a segunda-feira, a 74,17 dólares.
"A falta de acordo sobre os aumentos de produção em agosto e para além deixa o mercado ainda mais deficitário do que antes", disse Neil Wilson no Markets.com.
O acordo OPEP+ (OPEP e sócios) anulou a reunião desta segunda-feira, sem fornecer uma data para novo encontro - com o pano de fundo do desacordo dos Emirados sobre o restante dos países -, comunicou o secretário-geral do cartel, Mohamed Barkindo.
Abu Dhabi pede que seu volume de produção de referência, estagnado assim como o restante em outubro de 2018, reflita melhor sua capacidade de produção, com 600.000 barris diários a mais.
O encontro foi cancelado pelas desavenças observadas na reunião de sexta-feira entre a OPEP e seus dez aliados, e não pelos clássicos desencontros entre Riade e Moscou.
- Incerteza = volatilidade -
Há uma proposta sobre a mesa: aumentar a produção de petróleo em 400.000 barris diários a cada mês, entre agosto e dezembro, ou seja, um total de dois milhões de barris diários no mercado até o final do ano.
Com essa proposta, pretendem atender a crescente demanda pela recuperação econômica mundial e o período de férias nos Estados Unidos.
Ainda não houve convergência, porém, entre os Emirados Árabes Unidos e o restante da aliança sobre uma questão técnica: seu volume de produção de referência.
Diante disso, os analistas vislumbram vários cenários possíveis. Um deles é que não haja acordo e, portanto, não se aumente a produção. Isso dispararia os preços de petróleo. Outra possibilidade é que o grupo se dissolva, e os países disputem entre si as participações no mercado, mediante a redução de preços.
A divergência atrapalhou a primeira rodada de reuniões do cartel na quinta-feira e, de novo, na sexta, entre os membros do grupo. Nele, em geral, as disputas costumam ser sobre os preços de seus pesos pesados: Rússia e Arábia Saudita.
A OPEP+ também enfrenta uma situação complexa, com uma recuperação real da demanda, mas que ainda é frágil, assim como o provável retorno, no médio prazo, das exportações iranianas e dos preços elevados. Este último poderá provocar o descontentamento de grandes importadores, como a Índia.
LONDRES