Dois deles "pereceram" nas mãos das forças haitianas e há mais 15 colombianos que "teriam pertencido ao exército nacional" e que se dissociaram entre 2018 e 2020, disse o general Jorge Luis Vargas, diretor da polícia colombiana em coletiva de imprensa.
O presidente foi morto na quarta-feira por um comando formado por 28 pessoas: 26 colombianos e dois americanos de origem haitiana, segundo Porto Príncipe.
As autoridades colombianas identificaram 15 dos envolvidos, mas não revelaram informações sobre a passagem dos suspeitos pelo exército ou os motivos de sua saída.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou o envio de uma missão de inteligência da polícia e de agentes da Interpol ao Haiti para ajudar a esclarecer o assassinato de Moise que agravou a crise política e de segurança no país mais pobre da América.
"O que queremos é a verdade. A Colômbia é muito forte em matéria de investigação (...) devemos cooperar em unidade para que nossos povos não sofram com esses atos bárbaros", disse à AFP o embaixador haitiano em Bogotá, Jean Mary Exil.
- Plano do assassinato -
Em entrevista coletiva conjunta dos chefes das Forças Militares, Exército e Polícia, foram anunciados alguns avanços nas investigações.
Dois dos envolvidos, Duberney Capador e Germán Alejandro Rivera, viajaram em 6 de maio de Bogotá para o Panamá e de lá para Santo Domingo, onde estiveram quatro dias antes para pegar um voo para Porto Príncipe. Os outros colombianos chegaram à República Dominicana em 4 de junho e no dia 6 foram para o Haiti pela passagem de fronteira El Carrizal.
O "planejamento do assassinato" se deu em 32 dias, segundo infográfico divulgado à imprensa.
As autoridades afirmaram que também possuem informações de quatro empresas envolvidas no crime, sem fornecer mais detalhes.
Moise, de 53 anos, foi assassinado a tiros na madrugada de quarta-feira durante um ataque à sua residência presidencial. Sua esposa, Martine, ficou gravemente ferida e foi transferida para um hospital em Miami, nos Estados Unidos.
Taiwan informou nesta sexta-feira que 11 supostos membros do comando que matou Moise invadiram sua embaixada em Porto Príncipe para tentar fugir, mas foram detidos pela polícia.
Após o assassinato, o Haiti entrou em "estado de sítio" por 15 dias, conforme determinado pelo primeiro-ministro.
- Soldados profissionais -
Manuel Antonio Grosso, detido por envolvimento no assassinato, é um dos "militares mais bem preparados do exército colombiano", de acordo com o jornal El Tiempo.
Em seu perfil no Facebook, em 6 de junho, ele publicou 17 fotos nas quais é visto posando em diferentes pontos turísticos da República Dominicana, como o palácio presidencial de Santo Domingo.
Outro dos detidos é Francisco Eladio Uribe que, segundo sua esposa, saiu do exército em 2019 após 20 anos de serviço como soldado profissional.
O ex-segurança e motorista foi recrutado por uma suposta empresa de segurança que o ofereceu viagens a outros países como guarda-costas de famílias poderosas, afirmou Yuli, a mulher que se identificou como esposa do ex-militar detido no Haiti.
Em entrevista à W Radio, ela disse que seu esposo foi contatado por um homem conhecido como "Capador", um dos mercenários mortos pelas forças haitianas após o assassinato. "Inicialmente, a empresa ofereceu 2.700 dólares por mês", afirmou.
Segundo sua versão, na quinta-feira recebeu uma ligação de Uribe por WhatsApp para dizer que ele e seus colegas "estavam escondidos porque os procuravam". "Ele não entendia muito bem o que estava acontecendo (...), foi uma conversa muito vaga", contou.
Na Colômbia, o ex-militar está sendo investigado pela execução de um civil que foi apresentado como morto em combate, dentro do grande escândalo que envolve o exército colombiano em uma contagem de corpos para aumentar seus resultados na luta contra as guerrilhas de esquerda.
audima