"Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável", declarou Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
O presidente pressiona para que o Congresso autorize o uso da cédula impressa, além das urnas eletrônicas em vigor desde 1996.
Com o sistema atual, "corremos o risco de não termos eleições ano que vem. É o futuro de vocês que está em jogo", declarou, qualificando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, como "imbecil" por se opor ao voto impresso.
Na quinta-feira, ele já havia sugerido ameaças sobre as eleições do próximo ano, ao declarar: "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".
Barroso, que também é um dos onze ministros do Supremo Tribunal, qualificou estas declarações como "lamentáveis" nesta sexta-feira e alertou que qualquer tentativa de impedir a realização de eleições nos prazos estabelecidos viola os princípios constitucionais e constitui crime de responsabilidade.
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, afirmou em entrevista coletiva que "todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado democrático de direito, esteja certo, será apontado pelo povo brasileiro e pela história como inimigo da nação".
Bolsonaro, ex-capitão do Exército que sempre se declarou admirador da ditadura militar (1964-85), também sustentou, sem apresentar provas, que houve fraude nas eleições de 2014, nas quais Dilma Rousseff, do PT, foi reeleita contra o candidato de centro-direita Aécio Neves, do PSDB.
O próprio Neves rejeitou essa afirmação na quinta-feira. "Eu não acredito que tenha havido fraudes nas urnas em 2014", disse ele.
"Desde a implantação das urnas eletrônicas em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude. Nesse sistema, foram eleitos os Presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Como se constata singelamente, o sistema não só é íntegro como permitiu a alternância no poder", afirmou Barroso.
Bolsonaro enfrenta uma forte queda de sua popularidade, que despencou nas últimas semanas após acusações de corrupção do governo no enfrentamento da pandemia, que já deixou mais de 530.000 mortos.
As pesquisas mostram que, se as eleições fossem hoje, Bolsonaro seria derrotado com ampla margem pelo ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
BRASÍLIA