"Trocoli foi detido e está na prisão de Fuorni, Salerno, no sul da Itália", disse à AFP a advogada Alicia Mejía, que representa algumas das vítimas do repressor sul-americano, no julgamento realizado em Roma.
Na sexta-feira, o Tribunal de Cassação de Roma confirmou a sentença à prisão perpétua para 14 repressores sul-americanos, incluindo Troccoli, que viveu na Itália por vários anos.
"O meu cliente ia se entregar. Estava à espera do resultado de uma série de exames médicos em razão de algumas patologias que sofre há muito tempo. Na véspera esteve no hospital de Battipaglia para fazer alguns exames. Vários agentes o levaram para o quartel e depois para a prisão", disse seu advogado, Francesco Saverio Guzzo, à agência de notícias italiana AGI.
"A prisão de Troccoli mostra que o Estado está executando as sentenças", comentou Jorge Ithurburu, presidente da organização de defesa dos direitos humanos 24Marzo.
"Troccoli ainda não contou onde estão os corpos de suas vítimas, ele ainda pode", indagou Ithurburu.
O ex-capitão do navio, de 72 anos, foi processado na Itália pelo desaparecimento e morte de 25 pessoas, incluindo 20 cidadãos uruguaios e 5 ítalo-uruguaios.
Foi um grupo de militantes de esquerda de várias vertentes, que se reuniram entre dezembro de 1977 e janeiro de 1978 na Argentina, para formar uma frente comum de combate à ditadura no Uruguai (1973-1985).
Depois de serem presos ilegalmente, eles foram submetidos a torturas atrozes e provavelmente lançados ao mar nos temidos "voos da morte".
Quatro deles foram transferidos para o Uruguai para serem interrogados em centros de tortura, de onde desapareceram.
A execução da pena contra Troccoli encerrou oito anos de processo e inúmeras audiências, durante as quais compareceram depoimentos, peritos, familiares e companheiros presos das vítimas.
Um total de 21 militares e policiais do Uruguai, Bolívia, Peru e Chile, responsáveis por intervir em operações militares acordadas entre as ditaduras sul-americanas para sequestrar e executar os dissidentes, foram processados e condenados em 2019.
Com exceção de Trócolis, todos foram condenados à revelia.
O Tribunal de Cassação confirmou na sexta-feira a sentença final de apenas 14 deles, devido à morte de vários.
Três ex-militares chilenos, colaboradores do regime militar de Augusto Pinochet, também condenados naquele processo, não quiseram recorrer ao Supremo Tribunal Federal, de forma que a sentença passou a ser definitiva para eles também.
ROMA