Esta nova onda de calor chega menos de três semanas depois de outra sofrida no final de junho, durante a qual foram registrados recordes de temperaturas por três dias consecutivos em Colúmbia Britânica, no Canadá.
O número de mortes causadas por essa primeira onda ainda é desconhecido, mas se estima que sejam centenas.
No oeste dos Estados Unidos, da costa do Pacífico até a área das Montanhas Rochosas, a população sofreu temperaturas escaldantes no fim de semana.
"Mais de 30 milhões de pessoas permanecem sob alertas de calor extremo, ou advertências de calor", disse no sábado o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês), ao alertar sobre possíveis picos de até 52-54°C no Vale da Morte, na Califórnia.
As temperaturas podem diminuir levemente nesta segunda-feira, de acordo com o NWS, mas "este pequeno refresco relativo será apenas um alívio modesto para as áreas que experimentam persistentes temperaturas opressivas e acima do normal".
"Os alertas de calor excessivo continuam vigentes para a maioria dos lugares da região até terça-feira", alertou.
- Recorde absoluto em Las Vegas -
Las Vegas, no deserto de Nevada, igualou no sábado (10) seu recorde histórico de 47,2°C, alcançado pela primeira vez em 1942 e outras três vezes desde 2005.
Neste fim de semana, os meteorologistas também emitiram um boletim de advertência em Phoenix, no sul dos Estados Unidos, e em São José, no centro do Vale do Silício, próximo a São Francisco.
No norte da Califórnia, um incêndio continuou avançando no domingo à noite, alimentado pelo calor e pelos fortes ventos.
As autoridades informaram que casas foram destruídas em várias cidades e pediram aos moradores que não se aproximem. Imagens de vídeo mostravam carros e casas abandonados sendo devorados pelas chamas.
Em Beckwourth, uma cidade montanhosa no condado californiano de Plumas, nuvens de fumaça densas pairavam sobre grandes áreas arborizadas.
Um foco de incêndio em Oregon triplicou de tamanho entre sexta-feira e domingo, superando os 40 hectares, segundo o Serviço Florestal.
Do outro lado da fronteira, os focos de incêndios florestais continuaram se multiplicando em Colúmbia Britânica, passando de 300 no domingo à noite, disseram as autoridades.
Os serviços meteorológicos estimam que, nessas regiões, as temperaturas se manterão acima dos 32°C nesta segunda-feira, muito mais que o normal para esta época do ano.
"As condições climáticas sem precedentes na Colúmbia Britânica continuam representando uma séria ameaça para a segurança pública e para as operações ferroviárias", afirmou no domingo o ministro dos Transportes do Canadá, Omar Alghabra.
- Mudança climática -
O ministro anunciou medidas para reduzir os trens nessas áreas. Até 31 de outubro, não poderá circular nenhuma locomotiva que não tenha sido inspecionada 15 dias antes.
Os trens são uma causa comum dos incêndios florestais, especialmente se seus supressores de faíscas não recebem a manutenção adequada.
Várias estradas e rodovias de Colúmbia Britânica também foram fechadas, porque o risco de incêndios foi considerado "extremo".
Foram emitidas ordens de evacuação em cerca de dez cidades.
Na sexta-feira, a Junta de Segurança dos Transportes do Canadá anunciou o envio de pesquisadores para determinar o possível papel de um trem de carga no incêndio que destruiu 90% da cidade de Lytton no final de junho.
A onda de calor de junho teria sido "quase impossível" sem o aquecimento global causado pelos humanos, concluíram na semana passada pesquisadores da World Weather Attribution, uma iniciativa que reúne especialistas de vários institutos de pesquisa do mundo inteiro. Eles estimaram que a mudança climática fez com que este evento tivesse ao menos 150 vezes mais probabilidades de acontecer.
Em junho, o Canadá bateu várias vezes seu recorde histórico de temperaturas altas, que ficou em 49,6°C em Lytton, no dia 30.
Os estados de Washington e Oregon também sofreram sob essa "cúpula de calor", causada pelas altas pressões que aprisionam o ar quente. Embora não tenha sido um fenômeno climático inédito, foi o mais potente já visto até agora.
O mês de junho de 2021 foi o junho mais quente para a América do Norte desde o início das medições, segundo o Serviço Europeu de Mudança Climática Copernicus (C3S).
LOS ANGELES