Fortes enchentes na Alemanha e na Bélgica deixaram pelo menos 45 pessoas mortas e dezenas de desaparecidos nesta quinta-feira, 15, como consequência de tempestades violentas que atingem uma faixa da Europa Ocidental. A água inundou cidades e vilarejos na Alemanha e causou o transbordamento do rio Meuse em Liège, na Bélgica, forçando a população a deixar a região. Suíça, Holanda e Luxemburgo também foram atingidos.
Na Alemanha, país mais atingido, e na Holanda, brasileiros testemunharam a situação dramática provocada pelas chuvas atípicas na região. Na cidade holandesa onde vive, Maastrich, o representante comercial Felipe Rêgo, de 30 anos, registrou em vídeo o momento em que um trailer é arrastado pela correnteza. O volume subiu tanto que a ponte levadiça sobre o Rio Maas, erguida apenas para a passagem de embarcações maiores, foi elevada para não afundar.
Mesmo com a proximidade do rio, a residência do brasileiro não deve ser afetada em caso de transbordamento, segundo as autoridades. Apesar disso, imóveis da região, principalmente comerciais, tiveram suas portas protegidas com sacos de areia para evitar a entrada da água caso o cenário piore.
"Como eu moro em um primeiro andar, não estou preocupado com a casa em si. Tanto é que um amigo que mora em um dos bairros mais críticos vai se abrigar aqui durante à noite. A única precaução que vou tomar é com o porão, onde eu tenho um freezer, que vou tentar erguê-lo para evitar que molhe, caso entre água", contou. Cerca de 10 mil pessoas tiveram de deixar suas casas nos bairros de Randwyck e Heugem, no centro da cidade.
Na Alemanha, a brasileira Tamara Thomaz, que mora em Colônia, uma das principais cidades da Renânia do Norte-Westfália, contou que na quarta-feira a tempestade inundou regiões inteiras da cidade. "Foi realmente assustador. A estação de trem ainda está parada e o túnel está completamente cheio de água. Choveu o dia todo, mas por volta das 15h (de quarta-feira) ficou mais intenso. Eu demorei uma hora do trabalho para casa, o que geralmente leva 25 minutos, e quando cheguei, o porão da casa estava inundado", contou.
Apesar de estar localizada em uma das regiões mais severamente castigadas pela chuva, Colônia sofreu apenas com perdas materiais. Tamara diz, contudo, que amigos e colegas de trabalho ainda estão em choque pelo cenário caótico em suas cidades de origem. "Os pais de uma amiga minha moram em Bad Münstereifel, que ficou sem energia, água potável e sinal de celular. Como a casa é na montanha, não foi afetada pela destruição, mas ela só conseguiu contato com a mãe hoje (quinta). Vários colegas que moram em Euskirchen não conseguiram sair de lá e também não tinham energia em casa", relatou.
Mais ao sul do Estado, na região de Bonn, a tradutora brasileira Luiza Walter, de 36 anos, e seu marido alemão, o professor universitário Torsten Walter, de 34 anos, também enfrentaram os efeitos adversos da chuva. "Na casa da minha avó, em Alfter, a água entrou no porão. Eu e meus tios demoramos cerca de três horas para tirar toda a água de lá. A casa dela fica em uma ladeira, que virou um rio", disse Torsten.
De acordo com Luiza, a energia caiu tanto em Alfter, onde vivem seus familiares, quanto em Hoholtz, onde ela vive com o marido. "A casa dos meus pais ficou sem energia, e a notícia que nós tivemos aqui é que 200 mil casas foram afetadas", disse Torsten.
Há sete anos no país, o cearense Telvanilson Rodrigues de Oliveira, de 31 anos, acompanhou com surpresa as notícias da tormenta. Morador de Stuttgart, o técnico em energias renováveis afirma que a cada ano as tempestades de verão (no norte) estão piorando. "Elas acontecem todos os anos, obviamente, mas ano passado e este ano elas têm sido mais intensas. Em Stuttgart e regiões também houve inundações, por culpa da chuva e do granizo, que fizeram os rios transbordarem e invadirem as cidades mais próximas", relatou.
Ainda segundo Oliveira, enquanto o país enfrentava o caos climático, chegou a chover em Stuttgart, mas a situação mais grave ocorreu há cerca de 10 dias. "Teve muito vento, raios e chuva... o centro alagou, de modo que não se dava pra usar túneis, os transportes públicos pararam", disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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