O Executivo local do território autônomo dinamarquês "decidiu suspender a estratégia atual do petróleo e pôr fim à futura exploração de petróleo na Groenlândia", anunciou o órgão em um comunicado divulgado na noite de quinta-feira (15) em Nuuk.
"É um passo lógico, porque o governo leva a crise climática a sério. A decisão também é do interesse da nossa natureza, da nossa pesca e de focar nossa economia nos reais potenciais", disse a ministra de Matérias-Primas, Naaja Nathanielsen.
Depois de uma campanha focada em um polêmico projeto de mineração de urânio e terras raras no sul da Groenlândia, um partido ambientalista de esquerda venceu as eleições locais no início de abril, culminando com a chegada ao poder do primeiro-ministro Mute Egede.
Enquanto grandes projetos de petróleo estão em operação ou em desenvolvimento em outras partes do Ártico, conduzidos pela Rússia, Alasca ou Noruega, a exploração de petróleo na Groenlândia já estava paralisada nos últimos anos, tornando a decisão anunciada ontem amplamente simbólica.
A principal campanha de exploração offshore conduzida pela companhia escocesa Cairn Energy em 2010-2011 não deu resultados e as estratégias para o setor de petróleo apresentadas pelos governos anteriores desde 2014 "fracassaram" em atrair empresas, destacou o governo em seu comunicado.
De acordo com Naalakkersuisut, o governo local, "uma nova análise econômica da lucratividade da exploração de petróleo (na Groenlândia) mostra claramente que a rentabilidade é baixa, com retornos na verdade duas vezes menores do que o esperado pelas empresas de petróleo".
"Isso confirma para o governo o fato de que a decisão correta foi tomada", enfatiza a ministra.
De acordo com sua promessa eleitoral, o governo está realizando consultas para aprovar um projeto de lei que proíba a prospecção e exploração de urânio na Groenlândia.
Embora possa contra com um forte setor pesqueiro, o território do Ártico ainda depende fortemente dos subsídios dinamarqueses para complementar seu orçamento.
Novos recursos procedentes de matérias-primas facilitariam a independência da imensa ilha ártica, povoada por apenas 56.000 habitantes em mais de 2 milhões de km2.
O novo governo não fechou as portas para outros projetos de mineração.
COPENHAGA