Jornal Estado de Minas

CANNES

Documentário sobre protestos de Hong Kong é exibido em Cannes

Um documentário sobre as manifestações que abalaram Hong Kong em 2019 e sua repressão foi exibido nesta sexta-feira (16) em Cannes, um filme "livre de autocensura", segundo seu diretor de Hong Kong.



"O Festival está orgulhoso de propor este filme para mostrar um momento importante da atualidade mundial. Desde 1946, é a tradição e a vocação de Cannes", declarou à AFP o delegado-geral do concurso, Thierry Frémaux. "Não sabíamos nada sobre como foi produzido e quem o dirigiu, mas ficamos animados desde o princípio".

"Revolução do nosso tempo" (tradução livre), cuja equipe é anônima com exceção de seu diretor Kiwi Chow, aborda as manifestações quase diárias em Hong Kong a partir de junho de 2019 para denunciar a interferência de Pequim neste território semiautônomo.

O documentário mostra as considerações políticas e táticas de um movimento sem líder, impulsionado pela iniciativa individual dos manifestantes, e também a repressão brutal dos protestos por parte das forças de segurança.

"Queria explicar o que nos trouxe até aqui (...). Foi muito difícil encontrar as figuras-chave dos principais incidentes violentos", explicou por e-mail à AFP Kiwi Chow.



É um trabalho "livre de qualquer autocensura" e "espero que o público sinta que o documentário é assim", disse o diretor, que trabalhou sem pressão, mas "com angústia e medo".

Atualmente, as manifestações estão praticamente proibidas em Hong Kong, após uma intensa campanha de repressão lançada pelo governo chinês.

"Teremos que viver com a ideia de que este documentário não pode ser exibido publicamente em Hong Kong devido à forte vigilância governamental", afirmou o diretor em um comunicado sobre o filme.

A exibição em Cannes é "uma satisfação para muitos habitantes de Hong Kong que vivem com medo. Mostra que os que lutam pela justiça e pela liberdade estão conosco", acrescentou.

Entre as pessoas entrevistadas no documentário, "não temos notícias de algumas delas, outras se exilaram e outras enfrentam penas de prisão", lamentou.

audima