A acusação por parte dos magistrados do Tribunal de Justiça da República -- o único tribunal na França habilitado a processar e julgar membros do governo por crimes no exercício de suas funções -- é algo inédito para um ministro da Justiça em funções.
"Não é surpreendente que tenha sido acusado", disse à imprensa Christophe Ingrain, um dos advogados do ministro, após seu interrogatório de quase seis horas.
"Suas explicações não foram, infelizmente, suficientes para reverter esta decisão tomada antes da audiência. Obviamente, agora impugnaremos esta acusação", continuou Ingrain, que apresentará "um pedido de nulidade".
Eric Dupond-Moretti é suspeito de se aproveitar de seu cargo de ministro para ajustar contas com magistrados com quem teve desentendimentos quando era advogado, o que ele nega.
O tribunal abriu em janeiro uma investigação judicial por "tomada ilegal de interesses" após as queixas de três sindicatos de magistrados e da associação Anticor, que denunciaram conflitos de interesses em dois casos.
Esta acusação poderia comprometer o futuro de Dupond-Moretti à frente do ministério, embora o presidente Emmanuel Macron o tenha defendido até agora.
"Acredito que o ministro da Justiça tem os mesmos direitos que todos os réus, ou seja, a presunção de inocência", disse Macron na quinta-feira.
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