Enquanto o país se recupera do trágico temporal, que deixou ao menos 81 mortos e vários desaparecidos, os candidatos para suceder a chanceler Angela Merkel ainda não trouxeram o assunto à tona abertamente.
Um deputado ambientalista, que atacou seus adversários pelas sua posturas sobre a mudança climática desde o início da tragédia, apagou sua mensagem no Twitter após ser acusado de tentar se beneficiar descaradamente do incidente.
Favorito nas pesquisas das eleições de 26 de setembro, o conservador Armin Laschet governa o estado de Renânia do Norte-Vestfália (oeste), uma das duas regiões mais afetadas pelo dilúvio, junto à vizinha Renânia-Palatinado.
Nesta região próspera da Alemanha, que possui metrópoles como Düsseldorf, Colônia e Bonn, cidades inteiras foram devastadas pelos transbordamentos dos rios que as atravessam.
"O fato de que as pessoas estão morrendo em um país altamente industrializado por causa das condições meteorológicas extremas (...) mostra simplesmente que estamos chegando cada vez mais no limite da nossa capacidade de adaptação", alertou o meteorologista Mojib Latif, pesquisador do Instituto de Oceanografia de Kiel, no jornal Neue Osnabrücker Zeitung.
Os responsáveis políticos alemães de todos os partidos abordaram imediatamente as consequências do aquecimento global, um assunto novo entre os membros do partido conservador, como o ministro do Interior Horst Seehofer.
Esta figura do partido CDU de Merkel insistiu que a Alemanha deve "se preparar muito mais" para lidar com a mudança climática.
O líder do partido dos Verdes, Robert Habeck, criticou o entusiasmo de alguns políticos em visitar as áreas dos desastres.
"Agora é o momento dos socorristas, e não dos políticos que se conformam com passear por lá", disse Habeck em sua conta do Instagram, embora tenha admitido que é legítimo visitar para ter uma noção do que aconteceu.
No momento, os Verdes estão atrás dos conservadores nas pesquisas de intenção de voto, depois de uma série de polêmicas que mancharam a campanha de sua candidata Annalena Baerbock, a outra chefe do partido ambientalista.
A professora de Hidrologia na universidade britânica de Reading, Hannah Cloke, explicou que "o fato de tantas pessoas morrerem nas inundações na Europa em 2021 representa uma falha monumental do sistema".
Enquanto isso, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier fez um apelo nesta sexta-feira para "nos comprometermos decisivamente" na luta contra o aquecimento global.
"Apenas se nos comprometermos decisivamente na luta contra a mudança climática poderemos controlar as condições meteorológicas extremas como as que vivemos atualmente", afirmou Steinmeier em um discurso.
BERLIM