Batizado de "Bootleg" o enorme incêndio perto da fronteira do Oregon com a Califórnia, cresceu da noite para a manhã desta sexta para 97.124 hectares, uma superfície maior que a cidade de Nova York. O fogo, que representa o maior incêndio ativo nos EUA, foi apenas 7% contido até o momento.
Dezenas de casas foram destruídas e pelo menos 2.000 pessoas tiveram que evacuar a zona às pressas.
"O perímetro do incêndio Bootleg tem mais de 200 milhas (cerca de 320 km) de extensão, é uma enorme quantidade de linha (de contenção) para formar e manter", explicou o comandante dos bombeiros, Rob Allen.
"Continuamos usando todos os recursos, de escavadeiras a caminhões-pipa, para intervir onde é seguro fazê-lo, especialmente com o calor, a seca e o vento que se espera que piorem no fim de semana", acrescentou.
Mais ordens de evacuação foram emitidas na noite de quinta-feira, após os bombeiros terem que se retirar de áreas com chamas de crescimento rápido e "condições extremas de incêndio" a leste do incêndio, que eclodiu há 10 dias e cresceu em cerca de 404 hectares por hora desde então.
"Eu vi as chamas se espalhando pela encosta do penhasco a cerca de um quilômetro de nossa casa e recebi uma ligação me dizendo para fazer as malas e ir embora", revelou Frank Lee Smith, residente do condado de Klamath, à AFP. "Então enchi o caminhão com tudo o que pude e com os dois cachorros e partimos."
A situação deve piorar no final de semana, apesar da mobilização de quase 2.000 bombeiros.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, anunciou o envio de reforços para Oregon, ao mesmo tempo em que enfatizou os vários incêndios que os bombeiros da Califórnia já combatem.
- Mudança climática -
Precisamente na Califórnia, o cientista climático Daniel Swain alertou que o risco de incêndios florestais causados por raios secos previstos para este fim de semana é "bastante alto".
"A mudança climática está alimentando o desenvolvimento de incêndios cada vez mais perigosos e destrutivos em todo o oeste dos Estados Unidos", disseram os serviços de gerenciamento de emergência da Califórnia.
Cerca de 85% do estado também está em situação de "seca extrema", de acordo com um observatório do governo.
Em agosto de 2020, o maior incêndio da história moderna da Califórnia, destruindo uma área do tamanho do estado de Delaware, foi provocado por uma sequência grande de milhares de relâmpagos.
Devido a um "longo período de calor implacável e frequentemente recorde", a vegetação rasteira da Califórnia está mais seca do que normalmente seria em seu pico de agosto ou setembro, disse Swain, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
Mas é "altamente improvável que haja quase tantos raios secos quanto houve em agosto de 2020", completou no Twitter.
- Canadá também em alerta -
A situação não é muito melhor no vizinho Canadá. O cenário é de calor, incêndios e fumaça tóxica. Alertas de qualidade do ar foram emitidos em quatro províncias do país.
"A fumaça dos incêndios florestais é a causa da má qualidade do ar em muitas comunidades", confirmou a Agência Ambiental do Canadá em uma mensagem em sua conta no Twitter nesta sexta-feira.
"Tudo muda tão rápido dependendo do vento. Ontem, por volta das 8h, estava claro e ensolarado e às 10h havia tanta fumaça que mal dava para enxergar", afirmou à AFP Graham Leggett, funcionário da Galeria de Arte de Alberta, no oeste do Canadá.
Nesse país, cerca de 100 bombeiros mexicanos devem chegar a Toronto no sábado para combater incêndios no noroeste de Ontário, anunciaram as autoridades provinciais nesta sexta-feira.
A mudança climática intensifica as secas, criando condições ideais para que os incêndios florestais se espalhem de forma incontrolável e provoquem danos materiais e ambientais sem precedentes.
LOS ANGELES