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![Cenas ''de guerra'' na Alemanha: acima, moradores desolados em rua de Bad Muenstenreifel; à direita, no alto, imóveis e vias destruídos em Shuld; e embaixo, as marcas dos deslizamentos em Erfststadt (foto: Sebastian Bozon/AFP) Cenas ''de guerra'' na Alemanha: acima, moradores desolados em rua de Bad Muenstenreifel; à direita, no alto, imóveis e vias destruídos em Shuld; e embaixo, as marcas dos deslizamentos em Erfststadt (foto: Sebastian Bozon/AFP)](https://i.em.com.br/hWPfygMfUI8J95PxTVfQbP8-1YQ=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2021/07/17/1287509/20210716224519149649e.jpg)
Pelo menos 128 pessoas morreram na Europa, a maioria delas na Alemanha, em meio ao intenso temporal que provocou inundações e deslizamentos de terra, e a contagem pode aumentar com as dezenas de desaparecidos. No Sul da Holanda, milhares de pessoas fugiram de suas casas ontem, depois do rompimento de um dique causado pela chuva torrencial que afeta a Europa Ocidental nos últimos dias. Além da Holanda e Alemanha, as inundações afetaram também a Bélgica, Suíça e Luxemburgo.
Até ontem, haviam sido confirmadas 108 mortes no oeste da Alemanha, conforme os últimos balanços oficiais. "O número de mortos que encontramos aumentou", disse o ministro do Interior do estado de Renânia-Palatinado, Roger Lewentz, confirmando cinco novos óbitos. Essa região e a vizinha Renânia do Norte-Vestfália são as mais afetadas pelo desastre natural, o pior na Alemanha desde 1945.
Na Bélgica, são pelo menos 20 mortes e outras 20 pessoas desaparecidos, segundo o último balanço do governo, que decretou um dia de luto nacional em 20 de julho."Essas são as inundações mais catastróficas que nosso país já vivenciou", disse o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo. As fortes chuvas surpreenderam os habitantes e alguns ficaram ilhados pelas enchentes e transbordamentos de rios, que semearam desolação e medo em sua passagem. Luxemburgo, Holanda e Suíça também sofreram grandes danos materiais.
"COMO A GUERRA"
"Vivemos aqui por mais de 20 anos e nunca vimos algo assim", relatou Hans-Dieter Vrancken, um morador de 65 anos de Schuld, um município do estado de Renânia-Palatinado, que foi muito afetado pelo temporal. As redondezas da cidade, localizada no distrito de Arhweiler, mostravam uma imagem de desolação. "É como a guerra", disse Vrancken.
As ruas de Ahrwiler parecem terem sido varridas por um tsunami. Ruas e casas estão submersas, edifícios desabaram, carros foram arrastados, e árvores, arrancadas. Vários bairros da cidade continuavam, literalmente, isolados do mundo ontem.
As autoridades temem um saldo de vítimas muito maior devido às dezenas de desaparecidos, tanto em Renânia-Palatinado como na vizinha Renânia do Norte-Vestfália, as duas regiões mais impactadas. "Estimamos que pode haver 40, 50, ou 60 desaparecidos. Quando há pessoas que não dão sinais de vida por muito tempo, teme-se pelo pior", disse o ministro do Interior deste estado, Roger Lewentz, à emissora de televisão SWR. "Portanto, o número de vítimas corre o risco de aumentar nos próximos dias", completou.
Perto de Colônia, um deslizamento de terra ocorrido ontem, também em consequência das inundações, causou "várias mortes" e há pessoas desaparecidas, segundo uma porta-voz do governo local. O aspecto positivo do dia é que as chuvas em geral pararam e o fluxo dos rios começou a diminuir.
Cerca de 1 mil soldados foram mobilizados na Alemanha para auxiliar nas operações de resgate, evacuação e limpeza das cidades. Segundo o diretor-geral da associação alemã de municípios, Gerd Landsberg, "é uma catástrofe de magnitude desconhecida".
EVACUAÇÃO
Em Meerssen, na Holanda, autoridades locais pediram que residentes do município deixassem suas propriedades e orientaram que as famílias desligassem o fornecimento de eletricidade e gás, depois do rompimento de um dique. Em Venlo, 200 pacientes foram deslocados de um hospital, e grande parte da cidade foi esvaziada. O primeiro-ministro Mark Rutte declarou um desastre nacional na província de Limburg, espremida entre áreas inundadas no oeste da Alemanha e na Bélgica. Mais tarde, os militares conseguiram reforçar o dique perto de Meerssen, disse o órgão de segurança regional à rádio L1, mas a ordem de retirada permaneceu em vigor.
Em Wessem, soldados trabalhavam freneticamente para reforçar o dique que protege a vila das águas crescentes do rio Meuse. "É assustador. Eu nunca vi a água subir tanto", disse o morador Ton Linssen, de 69 anos, à Agência Reuters.
Grande parte do território holandês está abaixo do nível do mar, protegida por um sistema complexo de diques antigos e barreiras de cimento modernas que retêm a água do mar e dos rios. Em Valkenburg, perto da fronteira belga e alemã, as inundações engolfaram o Centro da cidade, danificando muitas casas e outras propriedades e destruindo pelo menos uma ponte. Os níveis das águas no Mosa e no Rur atingiram níveis recordes na quinta-feira, superando aqueles que levaram a grandes enchentes em 1993 e 1995, disseram as autoridades locais. Não há relatos de vítimas.
Na Bélgica, além das 20 mortes e outros tantos desaparecidos, centenas de pessoas continuam ilhadas em suas cassas e 21 mil sem energia elétrica. O Exército foi enviado para quatro das 10 províncias do país para participar das operações de resgate.
PAUTA POLÍTICA
As tempestades colocaram a questão da mudança climática no centro da campanha eleitoral alemã. As eleições legislativas acontecem em 26 de setembro e, depois delas, a chanceler Angela Merkel deixará o cargo. "Esses caprichos meteorológicos extremos são consequência da mudança climática", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer.
Quando a atmosfera se aquece, ela retém mais água, o que pode provocar chuvas intensas. Os temporais podem ter consequências especialmente devastadoras nas zonas urbanas, devido a sistemas de drenagem deficientes, ou a construções situadas em áreas que correm o risco de se serem alagadas."Essas inundações confirmam o que a ciência diz sobre o aquecimento climático", afirmou a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula Von der Leyen.
Mudanças climáticas
As inundações são um fenômeno complexo com muitas causas, incluindo o desenvolvimento da terra e as condições do solo. Embora fazer um vínculo entre as mudanças climáticas e um evento específico de inundação exija uma análise científica extensa, é possível dizer que esse elemento, que já está causando chuvas mais fortes e muitas tempestades, é uma parte cada vez mais importante da mistura. Uma atmosfera mais quente retém e libera mais água, seja na forma de chuva ou de neve pesada no inverno.