Jornal Estado de Minas

AMÉRICA LATINA

Na Argentina, cuidado materno vira trabalho com direito a aposentadoria

A Argentina avançou um passo mais nas políticas que pautam a igualdade de gênero. O país vizinho anunciou nesta quarta-feira (21/7) que passará a considerar o cuidado materno como trabalho. 

A medida prevê a garantia de aposentadoria para 155 mil mulheres com mais de 60 anos, que não conseguiram completar os 30 anos de contribuição por se dedicar à maternidade. 





O Programa Integral de Reconhecimento de Tempo de Serviço por Tarefas Assistenciais foi apresentado pela Administração Nacional de Seguridade Social (ANSES).  

O que prevê o Programa? 

Segundo a ANSES, a iniciativa tem o objetivo de reparar parte das desigualdades estruturais entre homens e mulheres.

Para o órgão, a desigualdade de gênero deriva, muitas vezes, da sobrecarga de tarefas domésticas e falta de equidade no mercado de trabalho. 
 
 

De acordo com o jornal La Nación, o programa "Reconhecimento de períodos de aportes por tarefas de cuidado" admite somar:

  • um ano de aporte por cada filho, como regra geral;

  • dois anos por filho, em caso de adoção de uma criança ou adolescente menor de idade;

  • dois anos se se tratar de um filho portador de deficiência;

  • três anos caso tenha recebido a AUH (seguro social) por 12 meses, consecutivos ou não.

O benefício mensal é destinado a pais ou responsáveis que estejam desempregados ou tenham baixa renda.

A medida prevê a garantia de aposentadoria para 155 mil mulheres argentinas (foto: Wiki Commons/Reprodução )


Como consequência da dificuldade de inserção no mercado de trabalho, cerca de 44% das mulheres em idade de aposentadoria não têm acesso ao benefício.



São aproximadamente 300 mil mulheres, entre 59 e 64 anos, que ficam de fora da aposentadoria por não terem o tempo de serviço exigido. Os dados foram apresentados pela ANSES. 

A Argentina não é a pioneira na América Latina em trazer questões de gênero para o sistema previdenciário. A legislação do Uruguai também considera as questões de gênero e reconhece as dificuldades da mulher em manter uma carreira profissional devido às responsabilidades domésticas. 

O cuidado como trabalho não remunerado 

Estudo realizado pela Oxfam International apontou que mulheres e meninas dedicam, pelo menos, 12,5 bilhões de horas diariamente ao trabalho de cuidado não remunerado pelo mundo.

Se elas fossem remuneradas, a economia global receberia uma contribuição de, no mínimo, US$ 10,8 bilhões por ano
 
 
 
Segundo o relatório, 42% das mulheres e meninas em todo o mundo não estão no mercado de trabalho porque dedicam todo o tempo aos cuidados domésticos e familiares. Apenas 6% dos homens se enquadram nesta realidade. 

Em comunidades rurais e países de baixa renda, elas dedicam até 14 horas por dia ao trabalho de cuidado, sem remuneração. O tempo corresponde a cinco vezes mais do que o dedicado pelos homens
 
 
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina











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