O presidente Iván Duque assinou nesta sexta-feira (23) o decreto que "elimina a proibição da exportação de flores secas" em evento organizado na Clever Leaves, uma das 18 multinacionais que cultivam cannabis medicinal na Colômbia. Assim, o país "entra para jogar grande no mercado internacional" de maconha, disse o presidente.
A Colômbia, principal produtor de cocaína do mundo e que abriga grandes plantações de maconha, legalizou a produção de cannabis medicinal em 2016. Até agora, só era permitida a exportação de extratos da planta, mas não de suas flores. Segundo Eduardo Barrera, representante da empresa cultivadora Cañamonte, o veto às flores se deveu ao "temor" das autoridades diante de um possível desvio para o tráfico ilegal.
Em carta enviada ao presidente Duque em 14 de julho, o sindicato argumentou que essa regra os impedia de "acessar o maior e mais lucrativo segmento de mercado da indústria de cannabis medicinal". As flores, que concentram os compostos medicinais e psicoativos da planta, "podem representar 53% desse mercado mundial", segundo Duque.
A nova norma também permite a fabricação de "derivados não psicoativos" da planta. "Não estamos mais apenas no uso farmacêutico. Estamos abrindo espaço para fazer muito mais em cosméticos (...) alimentos e bebidas" ou têxteis, enfatizou o presidente.
Fabián Currea, diretor de cultivo da Cañamonte, disse à AFP que o levantamento da proibição de exportação de flores "dá a possibilidade de explorar novos mercados" aproveitando os baixos custos de produção da planta na Colômbia. A regra também "ajuda a controlar o mercado informal de produtos fraudulentos" baseados na maconha, que teve um "boom" recente na Colômbia, acrescentou.
O governo estima que, em 2024, o mercado da maconha medicinal pode se tornar uma indústria de 64 bilhões de dólares. Outros países da região, como Uruguai, Equador e Peru, também legalizaram a produção de maconha para fins medicinais.
BOGOTÁ