Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Astrônomos buscam evidências de tecnologia construída por extraterrestres

Uma equipe internacional de cientistas chefiada por um renomado astrônomo de Harvard anunciou nesta segunda-feira (26) uma nova iniciativa para buscar evidências de tecnologia construída por civilizações extraterrestres.



O denominado Projeto Galileu prevê a criação de uma rede global de telescópios, câmeras e computadores de média potência para investigar objetos voadores não identificados e até agora conta com um financiamento de 1,75 milhão de dólares de doadores privados.

Em vista das pesquisas recentes que mostram a exigência de planetas similares à Terra em toda a galáxia, "não podemos mais ignorar a possibilidade de que civilizações tecnológicas nos precederam", disse o professor Avi Loeb a jornalistas durante uma coletiva de imprensa.

"O impacto de qualquer descoberta de tecnologia extraterrestre na ciência, em nossa tecnologia e em nossa visão de mundo seria enorme", acrescentou o professor em um comunicado.

O projeto conta com pesquisadores de Harvard, Princeton, Cambridge, Caltech e da Universidade de Estocolmo.



O anúncio ocorre um mês depois de o Pentágono publicar um relatório sobre fenômenos aéreos não identificados indicando que sua natureza não era clara.

"O que vemos no nosso céu não é algo que os políticos ou o pessoal militar devam interpretar porque não foram preparados como os cientistas, é para a comunidade científica averiguar", disse Loeb, acrescentando esperar que o financiamento do projeto se multiplique por dez.

Além de estudar os óvnis, o Projeto Galileu quer investigar os objetos que visitam nosso sistema solar do espaço interestelar e buscar satélites extraterrestres que possam estar sondando a Terra.

Loeb se refere a esta pesquisa como uma nova ramificação da astronomia que ele chama de "arqueologia espacial", destinada a complementar o campo da Busca de Inteligência Extraterrestre (SETI), que procura sobretudo sinais de rádio extraterrestres.

Estes esforços vão requerer colaborações com observatórios astronômicos já existentes e novos, inclusive a do Observatório Vera C. Rubin, atualmente em construção no Chile, e que estará operacional em 2023 e é esperado com inquietação pela comunidade científica.



Loeb, um israelense-americano de 59 anos, publicou centenas de artigos pioneiros e colaborou com o falecido Stephen Hawking, mas provocou polêmica ao sugerir que um objeto interestelar que passou brevemente por nosso sistema em 2017 poderia ter sido uma sonda extraterrestre impulsionada por ventos solares.

Ele expôs seus argumentos em artigos científicos e no livro "Extraterrestre", que o colocou em desacordo com muitos colegas da comunidade astronômica.

Isso explica o nome do novo projeto, o do astrônomo italiano Galileu Galilei, que foi destroçado quando proporcionou evidência-chave de que a Terra não estava no centro do Universo.

O cofundador do projeto, Frank Laukien, um professor visitante do departamento de química e biologia química de Harvard, declarou a si próprio como o "cético residente".

Mas disse que, ao invés de descartar as ideias por completo, é necessário "registrar e interpretar os dados de forma agnóstica, de acordo com o método científico".