Com Aguirre e Oviedo, o número de opositores detidos desde junho pelo governo de Daniel Ortega chega a 31, cujos partidários presumem que ele buscará um quarto mandato consecutivo nas eleições de 7 de novembro.
"Denunciamos o sequestro do ex-chanceler Francisco Aguirre, detido sem justificativa pela polícia", escreveu no Twitter o movimento de oposição Unidade Nacional Azul e Branco (Unab), sem informar a data da detenção.
O Ministério Público (MP) da Nicarágua disse que pediu a um juiz "a ampliação do período de investigação e detenção judicial" contra o ex-chanceler, e que nesta quinta-feira "o pedido foi aceito e foi anunciada detenção judicial por 90 dias".
Aguirre, economista e analista político de 76 anos, está sendo investigado por "supostamente ter cometido atos que minam a independência, soberania e autodeterminação da Nicarágua", ao incitar publicamente "interferência estrangeira nos assuntos internos", segundo a acusação.
Ele também é acusado de ter celebrado "a imposição de sanções contra o Estado da Nicarágua e seus cidadãos", aludindo às mais de 130 sanções internacionais adotadas desde 2018 contra funcionários e familiares do presidente Ortega por violação dos direitos humanos.
A polícia informou a detenção da advogada María Oviedo, que "esta sendo investigada" pelos mesmos delitos associados a Aguirre.
Entre os críticos de Ortega presos estão sete candidatos à presidência: Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, Félix Maradiaga, Juan Sebastián Chamorro, Miguel Mora, Medardo Mairena e Noel Vidaurre, além de três ex-guerrilheiros críticos do governo e importantes opositores.
Aguirre foi embaixador da Nicarágua nos Estados Unidos e posteriormente chanceler durante o governo do ex-presidente Arnoldo Alemán (1997-2002). Ele também trabalhou no Banco Mundial e é crítico à gestão do governo de Daniel Ortega, no poder desde 2007.
Em fevereiro passado, o Parlamento, nas mãos do partido no poder, aprovou uma reforma criminal que permite às autoridades prender, por até 90 dias, pessoas investigadas por um crime. Antes, o prazo era de três dias para apurar, prender e formalizar as denúncias.
As acusações contra Aguirre estão cobertas por uma lei aprovada em dezembro passado que sanciona os nicaraguenses "por atos de traição" que "minam a independência e a soberania" e promovem a ingerência estrangeira. Essa lei também impede que os afetados concorram a cargos eleitos pelo voto popular.
Os crimes de "traição" à pátria e "violação da soberania" são punidos com pena de 10 a 15 anos de prisão.
MANÁGUA