No Rio de Janeiro, cerca de 3.000 pessoas desfilaram na praia de Copacabana, a maioria sem máscara e vestida de verde amarelo.
"O que queremos é que os votos sejam recontados publicamente, que haja mais transparência, porque já houve suspeitas de fraude", disse à AFP Ronaldo Calvalcante, 46 anos, na manifestação do Rio.
O presidente Bolsonaro, que busca a reeleição em 2022, não pede a volta das cédulas de voto, mas sim que, após cada votação, seja impresso um recibo na urna eletrônica, para que possam ser recontados fisicamente.
Para os analistas, o que o líder de extrema direita está fazendo é preparar o terreno para desafiar o resultado em caso de derrota, como fez o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de quem Bolsonaro é um fervoroso admirador.
O presidente não participou diretamente da manifestação, que também reuniu vários milhares de pessoas em Brasília, mas fez um discurso por videoconferência no qual reiterou que não aceitaria eleições que não fossem "limpas e democráticas".
Ele acrescentou que fará "o que for necessário" para impor a impressão de recibos em papel na votação eletrônica.
À tarde, ele também se dirigiu a milhares de manifestantes reunidos em São Paulo, a maior cidade do país.
"A vontade do povo deve prevalecer. Espero que depois dessa manifestação isso se torne um fato em Brasília", declarou, aludindo à votação marcada para quinta-feira em uma comissão legislativa de um projeto de lei que visa aprovar a impressão de comprovantes em papel por urnas eletrônicas.
- Fraudes -
Na quinta-feira, durante sua Live semanal no Facebook, o chefe de Estado falou por mais de duas horas sobre sua convicção de que houve fraude nas duas últimas eleições presidenciais, afirmando que deveria ter vencido no primeiro turno em 2018.
Mas não apresentou nenhuma prova dessas fraudes, enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garante que o sistema atual é totalmente transparente e nunca foi obscurecido por irregularidades.
Há três semanas, Bolsonaro já havia levantado polêmica ao semear dúvidas sobre a realização das eleições de 2022. "Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não teremos eleições", disse.
Ele chamou de "imbecil" o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que acredita que imprimir os comprovantes em papel pode "voltar ao passado dos riscos da manipulação do voto impresso".
"O voto eletrônico permite a roubalheira. (O voto impresso) não é complicado não. O povo saberá se adaptar", disse Roxana Guimarães, enfermeira de 45 anos, em uma das manifestações deste domingo.
No último fim de semana, dezenas de milhares de pessoas protestaram no Brasil para exigir o impeachment do presidente Bolsonaro, amplamente criticado por sua forma de enfrentar a pandemia de covid-19, que deixou mais de 550.000 mortos no país.
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