Jornal Estado de Minas

PEQUIM

Setor de jogos eletrônicos cai na Bolsa de HK por críticas na imprensa

A ação da Tencent, a gigante chinesa da Internet, fechou em queda de 5,18% na Bolsa de Valores de Hong Kong nesta terça-feira (3), após as críticas de uma mídia estatal contra o "vício" em videogames.



Este setor, particularmente próspero na China, tem sido cada vez mais criticado pela dependência que cria das telas e pelos problemas de visão que pode acarretar.

A regulamentação vigente no país proíbe oficialmente os menores de 18 anos de jogarem on-line entre 22h e 8h. A lei é, no entanto, amplamente burlada.

Nesta terça-feira, o veículo Economic Information Daily estimou que esse entretenimento, que gera bilhões de iuanes, tornou-se "um ópio mental".

"O vício de menores de idade à Internet é comum e os jogos on-line têm consequências importantes para o seu crescimento", frisou o jornal.

O artigo fala especialmente sobre a Tencent, o peso-pesado da indústria, e sobre seu popular videogame "Honor of Kings". O jogo tem mais de 100 milhões de usuários ativos diários na China.

"Alguns estudantes às vezes jogam oito horas por dia", critica o jornal.



Amplamente reproduzido hoje pelos meios de comunicação do país, o artigo foi posteriormente retirado do ar pelo Economic Information Daily.

O estrago já estava feito, porém, e as ações do setor despencaram na Bolsa de Valores de Hong Kong.

Em um comunicado, a Tencent, cuja ação chegou a cair mais de 10% durante a sessão, garantiu que tomaria medidas adicionais para limitar o tempo de jogo de seus jovens usuários.

A Tencent, que proíbe as crianças de jogar à noite, já exigia reconhecimento facial para evitar que menores de idade contornassem a proibição.

Seu concorrente NetEase também perdeu quase 8% na Bolsa de Valores de Hong Kong, enquanto o site Bilibili, popular entre os fãs de animes, mangás e videogames, caiu mais de 3%.

Os investidores temem um endurecimento regulatório adicional no setor de jogos eletrônicos, em um momento em que Pequim aperta as restrições, visando às gigantes digitais.

Vários gigantes do setor foram condenados por práticas até então toleradas e amplamente disseminadas.

Nos últimos meses, as autoridades têm sido particularmente intransigentes, no que se refere a dados pessoais e ao respeito pelos direitos dos usuários.

Na sexta-feira (30), as autoridades chinesas convocaram várias empresas - incluindo as gigantes da Internet Alibaba, Tencent e Didi - a "fazerem análises aprofundadas" sobre os obstáculos à concorrência, segurança dos dados pessoais e respeito pelos direitos dos usuários.

As empresas digitais chinesas há muito se beneficiam de uma legislação relativamente frouxa, em especial quando se trata de dados. E a ausência de concorrentes estrangeiros permitiu o surgimento de gigantes locais.

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