Jornal Estado de Minas

ADIS ABEBA

Cidade etíope de Lalibela, Patrimônio da Humanidade, cai nas mãos dos rebeldes do Tigré

Os rebeldes da região etíope em guerra do Tigré tomaram, nesta quinta-feira (5), o controle de Lalibela (nordeste), cidade famosa por suas igrejas esculpidas na rocha do século XII e incluída pela Unesco na lista de Patrimônio da Humanidade.



As forças do Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) realizam ofensivas nas regiões de Afar e Amhara, onde se encontra Lalibela, o que representa um novo episódio no conflito que já dura nove meses.

A seguir, algumas informações essenciais sobre este lugar histórico, cujo destino e proteção estão em risco:

- Esculpida na rocha -

As igrejas de Lalibela, declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1978, são únicas.

Esculpidas na rocha, estão situadas abaixo do nível do solo, cercadas por profundos fossos secos.

Apenas o teto é visível da superfície. Os pátios que circundam esses extraordinários lugares de culto são acessíveis apenas por escadas e túneis.

Formadas por um único bloco, são repletas de ornamentos e janelas esculpidas em forma de cruz.

- Construídas por anjos -

Lalibela leva o nome do rei Gebre Mesqel Lalibela, cuja lenda conta que construiu onze igrejas com a ajuda de anjos, depois que Deus ordenou que construísse uma "Nova Jerusalém".



Localizada a 680 km de Adis Abeba, Lalibela é um destino popular entre os turistas estrangeiros e os ortodoxos etíopes.

A religião ortodoxa é a mais praticada no país.

- Ameaçadas -

Muito antes do início da guerra no Tigré e do conflito se espalhar para Amhara, as igrejas já estavam ameaçadas.

Sua composição rochosa as torna vulneráveis à erosão devido às chuvas torrenciais durante a estação chuvosa.

Em 2008, foram construídos grandes "guarda-chuvas" sustentados por largos pilares de metal, para protegê-las.

No entanto, os habitantes ficaram irritados por considerá-los feios e acreditarem que correm o risco de desabar pelos ventos fortes, tornando-se o símbolo da negligência do local.

Em 2019, o presidente francês Emmanuel Macron prometeu, em uma visita a Lalibela, financiar e acompanhar a restauração das igrejas. O projeto incluirá a substituição desses "guarda-chuvas" e seus pilares.

- Cruz roubada -

Há mais de vinte anos, Lalibela foi a origem de uma perseguição implacável quando uma cruz de latão, datada do século XI, foi roubada em Bete Medhanealem, um dos templos.

Depois de dois anos de investigação e da indignação dos etíopes, o objeto foi encontrado em 1999.

Um colecionador belga a comprou de boa fé por 25.000 dólares de um comerciante de Adis Abeba.

Após o retorno da cruz sagrada à Etiópia, milhares de diáconos, peregrinos, aldeões e funcionários compareceram a uma cerimônia organizada em Lalibela.



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