As forças do Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) realizam ofensivas nas regiões de Afar e Amhara, onde se encontra Lalibela, o que representa um novo episódio no conflito que já dura nove meses.
A seguir, algumas informações essenciais sobre este lugar histórico, cujo destino e proteção estão em risco:
- Esculpida na rocha -
As igrejas de Lalibela, declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1978, são únicas.
Esculpidas na rocha, estão situadas abaixo do nível do solo, cercadas por profundos fossos secos.
Apenas o teto é visível da superfície. Os pátios que circundam esses extraordinários lugares de culto são acessíveis apenas por escadas e túneis.
Formadas por um único bloco, são repletas de ornamentos e janelas esculpidas em forma de cruz.
- Construídas por anjos -
Lalibela leva o nome do rei Gebre Mesqel Lalibela, cuja lenda conta que construiu onze igrejas com a ajuda de anjos, depois que Deus ordenou que construísse uma "Nova Jerusalém".
Localizada a 680 km de Adis Abeba, Lalibela é um destino popular entre os turistas estrangeiros e os ortodoxos etíopes.
A religião ortodoxa é a mais praticada no país.
- Ameaçadas -
Muito antes do início da guerra no Tigré e do conflito se espalhar para Amhara, as igrejas já estavam ameaçadas.
Sua composição rochosa as torna vulneráveis à erosão devido às chuvas torrenciais durante a estação chuvosa.
Em 2008, foram construídos grandes "guarda-chuvas" sustentados por largos pilares de metal, para protegê-las.
No entanto, os habitantes ficaram irritados por considerá-los feios e acreditarem que correm o risco de desabar pelos ventos fortes, tornando-se o símbolo da negligência do local.
Em 2019, o presidente francês Emmanuel Macron prometeu, em uma visita a Lalibela, financiar e acompanhar a restauração das igrejas. O projeto incluirá a substituição desses "guarda-chuvas" e seus pilares.
- Cruz roubada -
Há mais de vinte anos, Lalibela foi a origem de uma perseguição implacável quando uma cruz de latão, datada do século XI, foi roubada em Bete Medhanealem, um dos templos.
Depois de dois anos de investigação e da indignação dos etíopes, o objeto foi encontrado em 1999.
Um colecionador belga a comprou de boa fé por 25.000 dólares de um comerciante de Adis Abeba.
Após o retorno da cruz sagrada à Etiópia, milhares de diáconos, peregrinos, aldeões e funcionários compareceram a uma cerimônia organizada em Lalibela.
ADIS ABEBA