"Acho que podemos dizer" que estamos "assumindo lentamente o controle da frente dos incêndios" em Eubeia, declarou nesta quarta-feira (11) Yiannis Kontzias, prefeito de Istiea, uma cidade de 7 mil habitantes no norte da ilha, à televisão ERT.
"Ontem vimos a luz do sol pela primeira vez em dias", acrescentou ele, referindo-se às enormes nuvens de fumaça que cobrem esta ilha montanhosa e arborizada, localizada a 200 km de Atenas.
Em contrapartida, a situação é mais preocupante em uma parte da península do Peloponeso, rica em densas florestas e ravinas profundas.
Bombeiros e autoridades esperam que as chuvas anunciadas para a noite amenizem a situação.
Segundo Christos Lambropoulos, vice-governador da região de Arcádia, no Peloponeso, as equipes de resgate estão concentrando os esforços para evitar que o fogo atinja o Monte Ménalo, coroado por uma densa floresta.
- Povoados evacuados -
Na região de Gortynia, vários vilarejos foram evacuados diante do avanço das chamas.
Na região como um todo, cerca de 580 bombeiros, incluindo 100 franceses e 50 alemães, lutam dia e noite, equipados com 181 veículos.
Dada a magnitude da catástrofe, iniciada em 27 de julho, muitos países, principalmente da União Europeia, enviaram mais de 1.200 reforços, veículos e materiais para a Grécia.
Três pessoas morreram nestes incêndios que já devastaram mais de 93.600 hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
Entre quinta e sexta-feira, superou a marca simbólica de 100.000 hectares quando queimou apenas 2.330 hectares na média de 2008 a 2020.
Em apenas oito dias, foram registrados 586 incêndios florestais na Grécia, causados pela pior onda de calor em três décadas, segundo o vice-ministro da Proteção Civil, Nikos Hardalias.
Símbolo da tragédia: uma oliveira de 2.500 anos foi carbonizada em Eubeia, segundo o jornal Kathimerini.
Nesta imensa ilha ao leste de Atenas, "o ecossistema em sua integridade ficou destruído", afirmou um responsável da Cruz Vermelha, Dimitris Haliotis.
- Indignação -
"Quando chegamos (...) tivemos a impressão de que a Grécia inteira estava em chamas", disse Nicolas Faure, um bombeiro francês enviado como reforço.
O coronel Frédéric Gosse, também destacado, lamentou que um "maldito coquetel" tenha causado tantos incêndios: "temperaturas bem acima de 40ºC, vários meses sem chuvas e ventos violentos".
Os especialistas vinculam, de forma inequívoca, a onda de calor às mudanças climáticas. Um relatório preliminar da ONU, ao qual a AFP teve acesso, descreve a região do Mediterrâneo como um "ponto quente para as mudanças climáticas".
Diante dessa "catástrofe natural de proporções sem precedentes", o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, anunciou um auxílio de 500 milhões de euros (US$ 585 milhões).
Isso não evitou que a raiva se apoderasse das autoridades políticas locais e dos habitantes, que se sentem abandonados à própria sorte.
Cada vez mais vozes exigem a renúncia dos funcionários de alto escalão responsáveis pelos serviços de resgate que, em junho, garantiram que o país estava preparado para enfrentar o flagelo dos incêndios.
Kyriakos Mitsotakis até pediu desculpas aos gregos pelos "possíveis erros" cometidos pelas autoridades, enquanto a população se mobilizava para angariar roupas e alimentos para as vítimas.
Além da destruição de centenas de casas e hectares de floresta, a economia da ilha de Eubeia também foi duramente atingida.
"Perdemos o mês de agosto, que teria dado segurança econômica às pessoas para o próximo ano. (...) O turismo local foi destruído", lamentou o prefeito de Istiea, Yiannis Kontzias.
A federação lamentou uma queda de 90% das reservas na turística cidade de Edepso, geralmente lotada nessas datas.
"É uma perda colossal", disse seu governador Theodoros Roumeliotis à AFP.
Derrotados e impotentes, os habitantes constatam a magnitude dos danos.
"Senti a ameaça, corri para me salvar", contou Rita, de 65 anos, com o carro cheio de malas.
Sua casa, na aldeia de Kastri, foi parcialmente incendiada. "Minha vida estava aqui. Não tenho mais lágrimas", desabafou a aposentada.
audima