A produção retrata a vida da "Rainha do Soul", falecida em 2018. A infância abalada pela morte da mãe quando ela tinha nove anos e sua gravidez apenas três anos depois. Também mostra sua luta contra um pai controlador, um marido violento e seu vício em álcool.
Hudson, que ficou famosa no programa "American Idol" aos 25 anos, viveu seu próprio pesadelo quando sua mãe, seu irmão e sobrinho foram assassinados pelo ex-marido de sua irmã em 2008.
"Eu precisava estar em um lugar específico e ter passado pelo que passei na minha vida para ser capaz de interpretá-la", disse Hudson durante uma exibição em Los Angeles antes da estreia do filme na sexta-feira.
"Pelo menos é como me sinto agora", acrescentou.
A jovem atriz ainda não tinha enfrentado sua tragédia pessoal quando conheceu Franklin para discutir o projeto incipiente, 15 anos atrás.
Depois daquele primeiro encontro, levou oito anos para Aretha Franklin - que havia considerado outras atrizes como Halle Berry - chamar Hudson para o papel.
"Interpretar a 'Rainha do Soul' não é algo com o qual você se acostuma. Eu vou indo aos poucos", disse Hudson, que não esconde sua admiração pela cantora.
Sua escolha para o papel foi um sucesso: sua excelente capacidade de atuação já foi reconhecida com prêmios, embora o filme em si tenha recebido críticas moderadas.
Ao contrário de outros musicais biográficos, Hudson cantou e gravou ao vivo no set grandes sucessos de Aretha Franklin como "I Never Loved a Man (The Way I Love You)", "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman", e, claro, "Respect".
Hudson também aprendeu a tocar piano para o papel, que exigiu 83 trocas de roupas e 11 perucas, incluindo o look de colmeia característico de Franklin.
- "Interpretar sua dor" -
O filme abrange duas décadas de vida, repassando seus primeiros nove álbuns que não produziram um único sucesso.
A Columbia Records descartou Aretha Franklin antes que ela encontrasse sua voz influenciada pelo gospel através de sessões em um estúdio no Alabama.
"Acho que foi sua habilidade de interpretar sua dor para um público de milhões de pessoas", comentou à AFP o roteirista Tracey Scott.
"Ela conseguiu pegar sua própria dor e colocá-la em todos os tipos de canções: romântica ou de empoderamento. Ela sempre foi capaz de viver sua vida através da música", acrescentou.
O filme também aborda a participação no movimento pelos direitos civis de Franklin, filha de um influente pastor de uma igreja batista (interpretado por Forest Whitaker), que tinha entre seus amigos próximos Martin Luther King Jr.
"Estar no lugar dela em tempos como aqueles, uma mulher negra, e estar perto de pessoas como o Dr. King. E ter que sair e animar todo mundo, pensar em quanta dor ela passou", refletiu Hudson, que como Franklin começou a cantar em coros gospel e confiou em sua fé para superar a tragédia.
"Muitas vezes as pessoas esquecem que ícones e lendas também são seres humanos e têm vida", lembrou a atriz.
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