Pisar em Porto Príncipe, na capital do Haiti, o país mais miserável das Américas é aterrador até para o brasileiro mais acostumado a cobrir as misérias da amazônia aos pampas. O que consideramos barraco é de longe moradia rica para aquele povo, tamanha a sua precariedade. Após o terremoto que matou cerca de 200 mil pessoas e arrasou todas as infraestruturas fazendo desabar inclusive o palácio presidencial, o país inteiro ficou sob ruínas.
Fiz a cobertura naquele ano a partir da Base Brasileira (Brabat), com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que nosso país tinha o mandato de segurança da ONU para a pacificação haitiana desde 2008, sob a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
Ao todo, 37.449 militares brasileiros participaram da operação – que durou 13 anos e 137 dias. Impressionava como eram precários e depois ainda mais destruídos os sitemas sanitários da capital, com os esgotos a céu aberto jorrando como chafarizes. Tudo isso depois se degradou ainda mais com os desabamentos trazidos pelo tremor de terra.
Um desespero que nos fazia, de dentro de coletes balísticos dos fuzileiros navais brasileiros, repartir chocolates, chicletes ou qualquer outra coisa mastigável. A miséria era tanta que cheguei a ver crianças misturando lama com manteiga para fazer biscoitos e comer.
Com o terremoto, muitos dos brasileiros que trabalhavam nas obras de infraestrutura se feriram ou perderam a vida, mas ainda assim éramos muito bem-vindos naquele país, que só conheceu quem lhes tirasse e nunca lhes estendesse a mão.
A palavra que mais se ouvia entre os nativos após gestos que dedilhavam suas bocas era "manger" (comida, em francês, a segunda língua local, após o creole). Ninguém dormia mais em casa por medo de ser soterrado, espalhando um aglomerado de barracas brancas da ONU por todas as ruas. E esse medo perdurou até a minha partida. Até bandeiras nacionais e dos Estados Unidos eram usadas para fazer esses abrigos.
O Haiti é tão pobre, que mesmo sendo tropical, essas pessoas morriam de frio. O motivo: praticamente todas as árvores da ilha foram destruídas na colonização e anos posteriores, fazendo daquele um país que sequer lenha tinha. Muita tristeza imaginar aquele esforço que o Brasil fez e saber que novamente os haitianos passam por tamanha tragédia.
Fiz a cobertura naquele ano a partir da Base Brasileira (Brabat), com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que nosso país tinha o mandato de segurança da ONU para a pacificação haitiana desde 2008, sob a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
Ao todo, 37.449 militares brasileiros participaram da operação – que durou 13 anos e 137 dias. Impressionava como eram precários e depois ainda mais destruídos os sitemas sanitários da capital, com os esgotos a céu aberto jorrando como chafarizes. Tudo isso depois se degradou ainda mais com os desabamentos trazidos pelo tremor de terra.
Leia também: Terremoto de magnitude 7,2 deixa pelo menos 227 mortos no Haiti
Um desespero que nos fazia, de dentro de coletes balísticos dos fuzileiros navais brasileiros, repartir chocolates, chicletes ou qualquer outra coisa mastigável. A miséria era tanta que cheguei a ver crianças misturando lama com manteiga para fazer biscoitos e comer.
Com o terremoto, muitos dos brasileiros que trabalhavam nas obras de infraestrutura se feriram ou perderam a vida, mas ainda assim éramos muito bem-vindos naquele país, que só conheceu quem lhes tirasse e nunca lhes estendesse a mão.
A palavra que mais se ouvia entre os nativos após gestos que dedilhavam suas bocas era "manger" (comida, em francês, a segunda língua local, após o creole). Ninguém dormia mais em casa por medo de ser soterrado, espalhando um aglomerado de barracas brancas da ONU por todas as ruas. E esse medo perdurou até a minha partida. Até bandeiras nacionais e dos Estados Unidos eram usadas para fazer esses abrigos.
O Haiti é tão pobre, que mesmo sendo tropical, essas pessoas morriam de frio. O motivo: praticamente todas as árvores da ilha foram destruídas na colonização e anos posteriores, fazendo daquele um país que sequer lenha tinha. Muita tristeza imaginar aquele esforço que o Brasil fez e saber que novamente os haitianos passam por tamanha tragédia.