"Eu me sinto mais confortável se todos estiverem vacinados dentro da sala", diz a estudante, 17. A obrigação de se vacinar ameaça a liberdade? Na entrada do pequeno cinema, Thisbe descarta essa ideia. "É sua decisão não querer se vacinar, mas é uma escolha egoísta", afirma a jovem.
Restaurantes, museus, salas de shows, boliches, aquários, casas noturnas, piscinas cobertas e academias... Desde hoje, é necessário apresentar um certificado de vacinação, foto ou um passe digital no celular para ter acesso a uma longa lista de atividades em locais fechados.
Da Broadway à Met Opera, os locais culturais de maior prestígio que reabrirão em setembro anunciam claramente: sem vacinação não haverá acesso. As cidades de San Francisco e Nova Orleans tomaram medidas semelhantes.
- 'No terraço' -
Os estabelecimentos de Nova York têm até 13 de setembro para se adaptar, mas as novas regras já são anunciadas em inúmeras vitrines. Elena Batyuk, gerente do café e restaurante Reggio, quer usar esse tempo para fazer pedagogia. "Quero evitar que os clientes se aborreçam ou gritem com a minha equipe. Pedir dados médicos às pessoas, dizer a elas o que fazer não é o meu estilo, mas se é o que nos pedem... Todos serão bem-vindos, mas alguns ficarão no terraço", suspira.
Na cidade de mais de 8 milhões de habitantes, cerca de 75% dos adultos receberam pelo menos uma dose de vacina, segundo a prefeitura, que tenta reativar a vacinação prometendo 100 dólares por primeira dose.
- 'Atingidos primeiro' -
Em seu pequeno bar no Brooklyn, chamado Paul's, Jillian Wowak apoia totalmente a vacinação obrigatória, ansiosa para deixar a pandemia para trás. "Quem não se vacina, sinto que, de alguma forma, está brincando com o meu dinheiro", diz a gerente, que pede aos clientes que estejam imunizados.
"Aqui não é possível permanecer de máscara comendo e bebendo. Se eu tiver que criar espaços entre os clientes, poderei receber apenas quatro pessoas", ironiza Jillian.
Por toda a cidade, há vitrines vazias, apesar da retomada das atividades na primavera. A maioria dos turistas estrangeiros ainda não voltou e o surgimento da variante delta aumenta o temor de um novo golpe.
"Fomos os primeiros e os mais afetados" na primavera de 2020, lembra a professora de teatro Diane Gnagnarelli, 62. Ela conta que um de seus sobrinhos morava perto de um hospital onde caminhões-frigorífico foram transformados em necrotérios improvisados.
"Aqui vivemos uns em cima dos outros. Então, com a variante delta, somos obrigados a confiar na ciência", pontua Diane, convencida de que alguma forma de vacinação obrigatória acabará prevalecendo.
NOVA YORK