Em agosto de 1991, comunistas conservadores, contrários à reformas na União Soviética em crise, organizaram uma tentativa frustrada de golpe de Estado contra o presidente Mikhail Gorbachev, que estava de férias na Crimeia.
O golpe fracassou devido à resistência dos moscovitas, liderados pelo presidente da Federação da Rússia, Boris Yeltsin, e abriu o caminho para o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Tanques entram em Moscou
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Alerta de tsunami após terremoto 6,8 graus na costa de VanuatuRestos humanos encontrados no trem de pouso de avião que partiu de CabulIsrael adota novas medidas após aumento de casos de covid-19Gorbachev, que liderou as políticas da Perestroika (reestruturação) e Glasnost (transparência), estava de férias na Crimeia, no Mar Negro.
Os golpistas formaram o chamado "Comitê para o Estado de Emergência", que assumiu todos os poderes, ao mesmo tempo que blindados e veículos de transportes de tropas seguiram para Moscou.
Yeltsin sobe em um tanque
Desde o primeiro momento, o presidente da Federação da Rússia assume a liderança da resistência.
Ao meio-dia, Yeltsin, entrincheirado na "Casa Branca", sede do Parlamento russo, cercada de tanques, denuncia um "golpe de Estado de direita, reacionário e inconstitucional".
Em desafio aberto aos golpistas, Yeltsin, que tinha grande popularidade, exige que Gorbachev "possa falar ao povo".
Os moscovitas comparecem à praça diante do Kremlin onde Yeltsin, parado em um tanque, faz um apelo emocionado à greve geral e à desobediência civil.
Yeltsin conquista apoios
Milhares de moscovitas criaram barricadas ao redor da Casa Branca e permaneceram reunidos no local, com o temor de um ataque militar.
Na manhã de 20 de agosto, as pessoas dentro do edifício - incluindo deputados, ministros, artistas, músicos, entre eles o violoncelista Mstislav Rostropovich - receberam coletes à prova de balas, capacetes e máscaras antigás.
Três unidades militares declararam apoio a Yeltsin e hastearam a bandeira da Federação da Rússia, que virou o símbolo da resistência.
Grupos de deputados percorreram os quartéis da região de Moscou para convencer os oficiais a aderir à causa de Yeltsin, cujo apelo conseguiu reunir mais de 50 mil pessoas diante do Parlamento russo.
Uma dia de loucura
Às duas da manhã, aclamado pela multidão, o ex-ministro das Relações Exteriores Eduard Shevarnadze se une a Yeltsin.
Ao contrário do que muitos temiam, as tropas golpistas não atacaram o edifício, mas três jovens morreram quando tentaram bloquear o avanço de uma coluna de blindados.
Na quarta-feira, 21, a decisão do Parlamento russo de buscar Gorbachev na Crimeia marca o início de um dia de loucura que terminou com a derrota do golpe.
O ministério da Defesa ordenou o retorno das tropas aos quartéis.
O dispositivo militar ao redor de Moscou chega ao fim, a censura e o toque de recolher foram suspensos e os decretos dos golpistas foram cancelados.
A televisão exibe a sessão do Parlamento da Federação da Rússia.
Retorno de Gorbachev
Durante a noite de quarta-feira, Gorbachev retorna ao Kremlin, mas politicamente enfraquecido pela traição ou abandono de grande parte dos colaboradores que havia designado, a hesitação das Forças Armadas e as dúvidas do Partido Comunista.
O golpe de Estado frustrado transformou Boris Yeltsin no verdadeiro dono do poder.
Em 8 de dezembro, Rússia, Ucrânia e Belarus declaram o fim da União Soviética e no dia 25 Gorbachev apresenta sua renúncia.