Jornal Estado de Minas

ROMA

Itália pede ao Chile extradição de militares pelo Plano Condor

A ministra da Justiça italiana assinou neste sábado um pedido de extradição do Chile de três ex-militares chilenos condenados à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de dois cidadãos italianos no âmbito do Plano Condor.



O pedido é feito depois que o supremo tribunal italiano condenou à prisão perpétua em julho o coronel Rafael Francisco Ahumada Valderrama, o suboficial Orlando Vásquez Moreno e o sargento Manuel Vásquez Chahuan, reformados. Os três foram condenados à revelia pelo assassinato e desaparecimento, em 1973, dos italianos Juan José Montiglio e Omar Venturelli durante o Plano Condor, executado pelas ditaduras do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980 contra opositores.

A ministra da Justiça, Marta Cartabia, assinou o pedido de prisão provisória e extradição dos acusados, que foi encaminhado à embaixada italiana em Santiago, confirmou a AFP.

Juan José Montiglio, conhecido como Aníbal, era um estudante de biologia de origem italiana que ingressou no chamado Gap, grupo de militantes que se encarregava da defesa pessoal do presidente socialista Salvador Allende, e foi um dos que permaneceram ao seu lado até a sua derrubada e morte, em 11 de setembro de 1973.

Após o bombardeio ao palácio presidencial de La Moneda e a morte de Allende, os soldados de Pinochet conduziram Montiglio a um quartel localizado nos arredores da cidade, fizeram com que ele cavasse sua própria sepultura, atiraram contra ele e lançaram uma granada, para garantir que seu corpo desapareceria. No entanto, um pequeno fragmento do corpo foi encontrado 44 anos depois e revelou a verdade sobre o preso desaparecido.



Omar Venturelli, filho de emigrantes italianos ordenado padre, liderou o povo mapuche na ocupação de terras e, por isso, foi suspenso pelo bispo Bernardino Piñera. Posteriormente, ingressou no movimento revolucionário, casou-se e se tornou professor da Universidade Católica de Temuco.

Venturelli desapareceu em 10 de outubro de 1973 e ficou estabelecido que ele estava na chamada caravana da morte organizada pelo general Sergio Arellano Stark, um dos mais cruéis e simbólicos repressores da ditadura chilena, que liderou uma das operações de extermínio mais brutais e morreu em 2016.

A investigação sobre o desaparecimento de italianos no Chile de Pinochet data de 1998. Vinte e três italianos que viviam no Chile, Bolívia, Peru e Uruguai foram assassinados no âmbito do Plano Condor.

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