Em entrevista à AFP, Borrell lamentou que as medidas de segurança adotadas pelos Estados Unidos no aeroporto de Cabul dificultam a operação. "O problema é o acesso ao aeroporto. As medidas de controle e de segurança americanas são muito fortes. Nós reclamamos. Pedimos para que sejam mais flexíveis. Não conseguimos que deixem nossos colaboradores passar", afirmou.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estabeleceu 31 de agosto como prazo para completar a retirada das tropas do Afeganistão, mas alertou que pode se prolongar para continuar a evacuação.
O Exército americano controla atualmente o aeroporto de Cabul e coordena as operações de controle do tráfego aéreo.
"Pelo o que sei, até o momento, os americanos não disseram que vão ficar depois de 31 de agosto, mas poderiam mudar de opinião", disse Borrell. "Querem evacuar 60.000 pessoas entre agora e o final deste mês. É matematicamente impossível", acrescentou.
O chefe da diplomacia europeia visitou neste sábado, juntamente com dirigentes da UE, a base militar de Torrejón de Ardoz (nordeste de Madri), onde foi instalado um centro de recepção de funcionários afegãos do bloco em Cabul.
O ex-chanceler espanhol afirmou que 150 dos 400 afegãos que trabalhavam para a UE já foram evacuados. "Estou ciente de que é muito insuficiente", acrescentou. "Os aviões se vão enquanto as pessoas continuam na pista".
"Se os americanos partirem no dia 31, os europeus não terão capacidade militar de ocupar e garantir o aeroporto militar, os talibãs irão assumir o controle", refletiu. "Se você quer remover seus colaboradores, você tem que falar com os talibãs. Falar não significa reconhecer", assinalou. "Mas será impossível tirar de Cabul todos os afegãos que precisam de proteção. É impossível, inimaginável", afirmou Borrell.
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"Lamento muito como os fatos ocorreram. Mas ninguém pediu a opinião dos europeus", comentou o chefe da diplomacia europeia. "Temos que nos organizar para enfrentar o mundo como ele é, não como sonhamos. Propomos dotar a UE de uma força inicial de 50 mil militares capazes de agir em circunstâncias como a que vivemos no Afeganistão."
O projeto está em discussão pelos ministros da Defesa do bloco. "Vou viajar em setembro para o Iraque, Tunísia e Líbia", anunciou Borrell. "As próximas crises serão no Irã e Sahel", previu. "A Europa só se mexe nas crises. O Afeganistão pode despertá-la."
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