"A Argélia decidiu romper relações diplomáticas com o reino do Marrocos a partir de hoje", declarou o ministro em coletiva de imprensa.
"Os serviços de segurança e propaganda marroquinos estão travando uma guerra vil contra a Argélia, seu povo e seus líderes, espalhando rumores e informações maliciosas e inflamatórias", disse ele.
O ministro argelino lamentou o comportamento do Marrocos, que leva "ao conflito ao invés da integração na região" do Magreb.
Em resposta, o governo marroquino lamentou a decisão da Argélia e a qualificou de "completamente injustificável", ao mesmo tempo em que rejeitou "os pretextos falaciosos e absurdos que a sustentam".
"O Marrocos lamenta esta decisão completamente injustificável, mas esperada, dentro da lógica da escalada constatada nas últimas semanas", informou o ministério marroquino de Relações Exteriores em um comunicado.
No final de julho, o rei Mohamed VI de Marrocos criticou as "tensões" com a Argélia e convidou o presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, a "trabalhar em harmonia para o desenvolvimento das relações" entre os dois países.
Normalmente já complicadas, as relações entre a Argélia e Marrocos têm se deteriorado, especialmente como resultado da espinhosa questão do Saara Ocidental.
A normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel - em troca do reconhecimento pelos Estados Unidos da "soberania" marroquina sobre aquele território - alimentou tensões com a Argélia, que denunciou "manobras estrangeiras" para o desestabilizar.
As relações diplomáticas entre os dois países foram interrompidas pela primeira vez em 7 de março de 1976 após o reconhecimento, pela Argélia, da República Árabe Sarauí Democrática (RASD), autoproclamada pelos independentistas da Frente Polisário.
Em julho, a Argélia convocou seu embaixador em Rabat para "consultas com efeito imediato" após "a representação diplomática marroquina em Nova York divulgar uma nota oficial (...) na qual Marrocos apoiava pública e explicitamente um suposto direito à autodeterminação do povo Cabil'", explicou o Ministério das Relações Exteriores da Argélia.
"A provocação marroquina atingiu seu clímax quando seu delegado nas Nações Unidas pediu a independência do povo da região de Cabília", acrescentou Lamamra nesta terça-feira, uma iniciativa que chamou de "perigosa e irresponsável".
Esta é uma linha vermelha para a Argélia, que se opõe totalmente a quaisquer aspirações de independência da Cabília, uma região berbere no nordeste do país.
A diplomacia marroquina manifestou então o seu apoio ao separatismo da Cabília, em reação ao apoio argelino aos independentistas saarauís da Polisário, inimigos de Marrocos.
Os anúncios foram divulgados após uma reunião do Conselho de Alta Segurança da Argélia sobre os incêndios que causaram pelo menos 90 mortes no país, pelos quais o Marrocos é acusado de envolvimento.
ARGEL