Os talibãs, que voltaram ao poder no Afeganistão, são alvo do ódio permanente do grupo extremista Estado Islâmico (EI), que os Estados Unidos consideram uma ameaça aos milhares de afegãos desesperados para fugir de Cabul.
Nesta quinta-feira (26/8), duas explosões deixaram pelo menos 60 mortos e dezenas de feridos nas proximidades do aeroporto de Cabul, informaram os talibãs.
Meses depois de o EI declarar um califado no Iraque e na Síria em 2014, combatentes que saíram do talibã paquistanês se uniram aos militantes no Afeganistão para formar um braço regional. Juraram lealdade do líder do EI, Abu Bakr al Baghdadi.
O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.
Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.
As últimas estimativas de sua força variam de milhares de combatentes ativos até 500, conforme relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em julho passado.
"Khorasan" é um nome histórico da região que inclui partes de onde ficam atualmente Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central.
O EI-K reivindicou alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão.
O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges - em particular os xiitas.
Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos.
As autoridades suspeitam de que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos.
Nas províncias em que está presente, o EI-K deixou marcas profundas. Seus homens mataram a tiros, decapitaram, torturaram e aterrorizaram os moradores, deixando minas por todos os lados.
Embora os dois grupos sejam militantes islâmicos sunitas de linha dura, também são rivais e divergem em detalhes sobre religião e estratégia. Cada um diz representar a verdadeira bandeira da Jihad.
Em um sinal de inimizade entre os grupos jihadistas, os comunicados do EI se referem aos talibãs como apóstatas.
O EI-K enfrentou a repressão dos talibãs contra seus dissidentes e não conseguiu estender seu território, como fez o grupo no Iraque e na Síria.
Em 2019, o exército afegão, após operações conjuntas com os Estados Unidos, anunciou ter derrotado o grupo na província de Nangarhar.
Segundo avaliações dos Estados Unidos e da ONU, o EI-K operou desde então em grande medida mediante células adormecidas nas cidades para cometer ataques midiáticos.
Nada bem.
O Estado Islâmico critica o acordo assinado no ano passado entre Washington e o Talibã, que levou a um pacto para a retirada das tropas estrangeiras. O grupo acusa os talibãs de abandonarem a causa jihadista.
Após a rápida tomada do Afeganistão pelos talibãs, vários grupos jihadistas no mundo felicitaram o grupo, mas não o EI.
Um comentário do EI publicado após a queda de Cabul acusou os talibãs de traírem os jihadistas com o acordo com Washington e prometeu continuar sua luta, de acordo com o SITE Intelligence Group, que monitora as comunicações dos grupos extremista.
Mas este grupo poderia se aproveitar da situação. "Mr Q.", um especialista ocidental que publica seus estudos no Twitter sob um pseudônimo, afirmou que o EI-K efetuou 216 ataques entre 1º de janeiro e 11 de agosto contra 34 no mesmo período de 2020.
Autoridades dos Estados Unidos e de outros países ocidentais alertaram que o aeroporto de Cabul, com milhares de soldados americanos cercados por uma multidão de afegão desesperados, está sob ameaça do EI-Khorasan.
Nos últimos dias, aviões de transporte militar deixaram Cabul lançando iscas, inclusive as projetadas para desviar mísseis. A região também está exposta eventualmente a disparos de morteiro e ataques suicidas, segundo especialistas.
Vários analistas, entre eles o ExTrac, um grupo privado especializado em tratar dados de grupos extremistas, afirma que o EI-K deteve brutalmente suas atividades há 12 dias.
Os braços do EI costumam desaparecer do mapa quando ativam o "modo sobrevivência" ou quando preparam um ataque de envergadura, explicou o grupo no Twitter.
Leia: O que se sabe sobre atentado que matou 60 pessoas no aeroporto de Cabul
O presidente americano Joe Biden disse haver um "risco agudo e crescente" de ataque no aeroporto por parte do braço regional do grupo, denominado Estado Islâmico-Khorasan (EI-K).Nesta quinta-feira (26/8), duas explosões deixaram pelo menos 60 mortos e dezenas de feridos nas proximidades do aeroporto de Cabul, informaram os talibãs.
- O que é o Estado Islâmico-Khorasan?
Meses depois de o EI declarar um califado no Iraque e na Síria em 2014, combatentes que saíram do talibã paquistanês se uniram aos militantes no Afeganistão para formar um braço regional. Juraram lealdade do líder do EI, Abu Bakr al Baghdadi.
O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.
Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.
As últimas estimativas de sua força variam de milhares de combatentes ativos até 500, conforme relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em julho passado.
"Khorasan" é um nome histórico da região que inclui partes de onde ficam atualmente Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central.
- Que tipo de ataques o EI executa?
O EI-K reivindicou alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão.
O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges - em particular os xiitas.
Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos.
As autoridades suspeitam de que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos.
Nas províncias em que está presente, o EI-K deixou marcas profundas. Seus homens mataram a tiros, decapitaram, torturaram e aterrorizaram os moradores, deixando minas por todos os lados.
- Qual a relação do EI-Khorasan com os talibãs?
Embora os dois grupos sejam militantes islâmicos sunitas de linha dura, também são rivais e divergem em detalhes sobre religião e estratégia. Cada um diz representar a verdadeira bandeira da Jihad.
Em um sinal de inimizade entre os grupos jihadistas, os comunicados do EI se referem aos talibãs como apóstatas.
O EI-K enfrentou a repressão dos talibãs contra seus dissidentes e não conseguiu estender seu território, como fez o grupo no Iraque e na Síria.
Em 2019, o exército afegão, após operações conjuntas com os Estados Unidos, anunciou ter derrotado o grupo na província de Nangarhar.
Segundo avaliações dos Estados Unidos e da ONU, o EI-K operou desde então em grande medida mediante células adormecidas nas cidades para cometer ataques midiáticos.
- Como o EI encarou a vitória talibã no Afeganistão?
Nada bem.
O Estado Islâmico critica o acordo assinado no ano passado entre Washington e o Talibã, que levou a um pacto para a retirada das tropas estrangeiras. O grupo acusa os talibãs de abandonarem a causa jihadista.
Após a rápida tomada do Afeganistão pelos talibãs, vários grupos jihadistas no mundo felicitaram o grupo, mas não o EI.
Um comentário do EI publicado após a queda de Cabul acusou os talibãs de traírem os jihadistas com o acordo com Washington e prometeu continuar sua luta, de acordo com o SITE Intelligence Group, que monitora as comunicações dos grupos extremista.
Mas este grupo poderia se aproveitar da situação. "Mr Q.", um especialista ocidental que publica seus estudos no Twitter sob um pseudônimo, afirmou que o EI-K efetuou 216 ataques entre 1º de janeiro e 11 de agosto contra 34 no mesmo período de 2020.
- Qual a ameaça ao aeroporto de Cabul?
Autoridades dos Estados Unidos e de outros países ocidentais alertaram que o aeroporto de Cabul, com milhares de soldados americanos cercados por uma multidão de afegão desesperados, está sob ameaça do EI-Khorasan.
Nos últimos dias, aviões de transporte militar deixaram Cabul lançando iscas, inclusive as projetadas para desviar mísseis. A região também está exposta eventualmente a disparos de morteiro e ataques suicidas, segundo especialistas.
Vários analistas, entre eles o ExTrac, um grupo privado especializado em tratar dados de grupos extremistas, afirma que o EI-K deteve brutalmente suas atividades há 12 dias.
Os braços do EI costumam desaparecer do mapa quando ativam o "modo sobrevivência" ou quando preparam um ataque de envergadura, explicou o grupo no Twitter.