Jornal Estado de Minas

CABUL

Pânico no aeroporto de Cabul após duplo atentado mortal

As explosões mortais no aeroporto de Cabul nesta quinta-feira (26) causaram "pânico" entre os afegãos que se reuniam do lado de fora do terminal na esperança de escapar do regime Talibã, que assumiu o controle do Afeganistão.



Uma densa camada de fumaça subiu aos céus enquanto afegãos encharcados de sangue tentavam fugir. Os gravemente feridos foram transportados em carrinhos de mão. Redes sociais exibiram imagens de uma criança agarrada ao braço de um homem com um ferimento na cabeça.

"Sobreviventes, corpos e pedaços de carne foram jogados em um canal próximo", descreveu à AFP Milad, uma testemunha ocular.

"Quando ouviram a explosão, as pessoas entraram em pânico. O Talibã começou a atirar para cima para dispersar as pessoas", acrescentou uma segunda testemunha.

"Eu vi um homem correndo com um bebê ferido nos braços."

Este homem garantiu que na confusão perdeu todos os documentos que o teriam permitido embarcar em um voo com sua esposa e três filhos.

"Não quero mais voltar ao aeroporto. Malditos Estados Unidos, sua evacuação e seus vistos", exclamou.



A apenas cinco dias do prazo estipulado pelos Estados Unidos para sua retirada, em 31 de agosto, agências de inteligência ocidentais alertaram para um ataque iminente, e Joe Biden referiu-se ao risco de um ataque do braço regional do grupo Estado Islâmico.

Os dois dispositivos explodiram ao pôr do sol, deixando pelo menos seis mortos e muitos feridos, de acordo com o Hospital de Emergências de Cabul. O Talibã falou em 13 a 20 mortes.

O Pentágono afirmou que uma das explosões ocorreu em frente ao Abbey Gate do aeroporto e a outra perto do Baron Hotel.

Abbey Gate é um dos três pontos de acesso ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, onde milhares de afegãos se reuniram nos últimos dias tentando fugir de radicais islâmicos.

O Baron Hotel, a cerca de 200 metros do Abbey Gate, foi usado por alguns países ocidentais para organizar evacuações aéreas que começaram em 14 de agosto.

Pouco depois dos ataques, um fotógrafo da AFP viu vários corpos chegando a um hospital de Cabul, além de dezenas de feridos.

Mulheres com roupas e rostos manchados de sangue choravam enquanto os feridos eram levados para o hospital.

Outra testemunha, Akram Lubega, de 26 anos, que trabalha para uma empresa de restauração, disse que ouviu a explosão sem saber o que estava acontecendo.

"É claro que tínhamos medo", disse este cidadão de Uganda.

"Todos estão muito tensos e o exército está se posicionando perto do aeroporto", completou.



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