Os afegãos que trabalharam com as forças americanas no país, ou considerados "vulneráveis" pelo risco que correm após a tomada de poder por parte do Talibã, precisam aguardar nesta base aérea durante dias, antes de sua viagem para outro destino.
Protegidos com cobertores contra o frio do outono alemão, quase 200 afegãos aguardam na pista para embarcar em um Boeing 767-300 que os levará para o outro lado do Atlântico.
Dentro de um hangar, Rasool, de 27 anos e que trabalhou para o Ministério afegão do Interior, espera com o pai a viagem.
"Estou muito bem agora. Vou para os Estados Unidos. Queremos viver com segurança", afirma.
- 17.000 pessoas -
Para os refugiados, Ramstein é uma das últimas etapas no caminho do exílio após a passagem, na maioria dos casos, por Catar e Kuwait, bases avançadas dos Estados Unidos em sua ponte aérea com Cabul.
A base aérea alemã se tornou, da noite para o dia, um centro de recepção com capacidade para 17.000 pessoas, contando a base e o campo militar próximo.
"O primeiro fator que nos limitava eram as camas e as barracas", diz o general Josh Olson, comandante da base aérea, onde os primeiros afegãos retirados do país passaram, em média, quatro dias.
"Conseguimos mobilizar reservas de material da Europa e transportá-las para cá", relata.
O principal desafio da base é conseguir que os refugiados deixem o local de maneira rápida, abrindo espaço para os recém-chegados.
Mais de 3.500 pessoas já passaram por Ramstein, mas continuamos com "muitas chegadas e poucas saídas", afirma o comandante.
Depois de desembarcar na base, os refugiados, muitos deles com apenas uma mochila, devem passar por exames médicos.
Muitos chegam desidratados, outros têm graves ferimentos, provocados inclusive por tiros, descreve o diretor médico da base, Simon Ritchie, que também acompanhou três partos de refugiadas em Ramstein.
A Cruz Vermelha americana é responsável por obter o necessário para o conforto dos refugiados, e os militares monitoram o espaço reservado para estes afegãos.
Durante o dia, o campo é misto. À noite, mulheres e crianças dormem nos hangares da base, onde normalmente ficariam os aviões militares, e os homens, em 350 barracas.
- Mobilização da cidade -
A base não foi a única mobilizada, e sim toda esta cidade do sudoeste da Alemanha, para receber os milhares de refugiados afegãos.
Para alimentar os afegãos, a base pediu ajuda a um restaurante no centro da cidade, o "Die Bühne". Na semana passada, por exemplo, o estabelecimento enviou lasanhas vegetarianas e até 1.000 refeições de Käsespätzle, um prato tradicional alemão de macarrão e queijo.
"Foi um desafio", contou à AFP seu proprietário, Andreas Guhman, mas "respondemos ao pedido de ajuda dos americanos, nos conhecemos e apoiamos de boa vontade".
"Somos vizinhos há 70 anos. Era uma questão de honra para nós", ressalta o prefeito da cidade, Ralf Hechler.
Os bombeiros voluntários da cidade levam a comida até a base.
A quinta-feira foi o dia mais intenso até o momento, com 10.000 chegadas a Ramstein em 12 horas.
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