Os manifestantes, agrupados no Movimento Nacional pelos Nossos Desaparecidos do México (MNDM), que reúne mais de 70 coletivos de famílias de vítimas, colocaram faixas nas cercas que protegem o Palácio Nacional com a mensagem "Estamos procurando. Onde está o Estado?".
No chão, também colocaram um banner com a questão "+90.000, onde estão?"
"Estamos aqui porque é um dia que não deve passar despercebido", disse à AFP María Teresa Valadez, de 39 anos, que busca seu irmão Fernando, que não é localizado desde agosto de 2015, no estado de Sonora.
"Como é que o governo continua a se preocupar com outras coisas, mas não com a situação de desaparecimento forçado no país?", lamentou.
Valadez explicou que os manifestantes esperam ser recebidos pelo presidente Andrés Manuel López Obrador e o secretário de Governo, Adán Augusto López. Disse ainda estar decepcionada com a atuação do governo.
"Confiei em que algo seria feito no forense, nas buscas em vida. Tiraram orçamentos e nos limitaram a sair para procurar nossos desaparecidos em todo o país", afirmou.
Anteriormente, o Escritório do México do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ONU-DH) instou as autoridades a fortalecerem as garantias dos direitos das pessoas desaparecidas e de suas famílias.
"É uma das mais terríveis violações dos direitos humanos (...) e como tal, requer uma resposta empenhada e coordenada das instituições", disse a organização em nota.
A ONU-DH reconheceu o trabalho da Equipe de Coordenação do Mecanismo Extraordinário de Identificação Forense (MEIF), criado em março de 2020, para identificar milhares de restos mortais que se encontravam em valas comuns e serviços forenses.
Na semana passada, um relatório elaborado pelo MNDM revelou que no México existem 52.004 corpos não identificados em sepulturas e serviços forenses, uma "crise" agravada pela falta de pessoal, treinamento inadequado e baixos salários.
Em outubro de 2019, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) denunciou que havia mais de 30.000 corpos não identificados nos necrotérios do México.
O MNDM exigiu que o governo faça o cruzamento das bases de dados desses restos mortais com os de desaparecidos.
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